Depois de longas semanas esperando para provar a nova versão da Pé Grande, finalmente chegou a hora da degustação. Essa cerveja artesanal, estilo American Wheat, tem uma carga de lúpulo cerca de duas vezes maior que nossas outras cervejas de trigo ( Monstro do lago Weiss e a ainda sem nome Witbier ), por isso demonstra mais força no aspecto amargor (aprox. 27 IBUs), seu teor alcoólico é de 4,7%, é leve, refrescante e extremamente agradável como se espera desse tipo de cerveja.
No ano passado, enquanto eu e meu irmão degustávamos algumas das criações da Cerveja Monstro, surgiu a ideia de levarmos um barril (postmix) de cerveja artesanal para o próximo “evento” da família, dessa forma poderíamos espalhar a “sementinha” da boa cerveja caseira em mais pessoas com apenas uma tacada. Depois de discutirmos o assunto, decidimos que a Monstro do lago Weiss seria a melhor escolha para participar da festa de dois anos do meu sobrinho porque é uma cerveja leve, refrescante, com colarinho cremoso e seu sabor / aroma frutado certamente ofereceria uma experiência diferente e agradável para os presentes, que em sua maioria não conheciam cerveja artesanal.
A cerveja de trigo degustada na ocasião foi feita no dia 20 de Janeiro e embarrilada no último dia 10, a receita é a mesma já conhecida exceto pela levedura, desta vez a utilizada foi a Danstar Munich Wheat Yeast, que na minha opinião foi muito bem, atenuou conforme o esperado, resultando em uma cerveja com graduação alcoólica de 4,7%, bem próximo do que estava programado, e gerou alguns dos sabores e aromas característicos desse estilo alemão de cerveja.
A carbonatação foi feita injetando CO2 dentro do barril com a cerveja, esse processo demandou algumas horas e muitas sacudidas no postmix. Por se tratar de uma Weiss, estilo com baixo amargor, foi utilizado pouco lúpulo na receita, essa leva teve aproximadamente 12 IBUs (escala utilizada para mensurar o amargor da cerveja, em casos extremos algumas cervejas podem ultrapassar 100 IBUs), para uma comparação simples e direta entre cervejas de trigo a Pé Grande, nossa American Wheat, tem aproximadamente 27 IBUs. Acho que esse fator (baixo amargor) ajudou na boa receptividade da cerveja, não causou estranheza dos que provaram cerveja artesanal pela primeira vez, como talvez aconteceria se tivessem provado uma IPA, a Monstro do lago Weiss foi aprovada por todos os que a degustaram, o que me garantiu uma ótima sensação de “missão cumprida”.
Infelizmente todo o conteúdo do postmix acabou, mas me lembrei de tirar uma foto para colocar aqui antes do derradeiro último copo ser servido. Andei cogitando uma pausa nas cervejas de trigo porque os prometidos dias de verão pareciam ter esquecido de vir para essas bandas, curiosamente me parece que eles decidiram aparecer agora (junto com a chuva), então, antes de voltar minhas atenções para outros estilos de cervejas, possivelmente eu volte a produzir a Monstro do lago Weiss em breve. Fiquem atentos, a produção é limitada! 😉
A Cerveja Monstro produziu duas levas do elegante estilo belga Witbier e um dos pontos que mais me chamou atenção nessas experiências é o quão bem essa cerveja artesanal é recebida pelo público feminino, mesmo entre pessoas que alegavam não gostar de cerveja ou afirmavam tomar apenas “malzibier”, no geral a resposta tem sido uma expressão de surpresa seguida de alguma variação de “nossa, gostei!”. Tradicionalmente feita com malte de cevada, trigo não maltado e algumas especiarias essa cerveja é leve, refrescante, possui agradável aroma frutado cítrico, perfume de coentro, sabor ligeiramente doce com uma sútil acidez e colarinho denso e cremoso. A Witbier é uma cerveja de alta fermentação e também é conhecida como “white beer” e “bière blanche” pela sua turbidez e aparência branca, essas características tem origem na suspensão de levedura e nas proteínas do trigo contidos na cerveja e podem ser facilmente notados ao olhar para o copo.
Esse estilo tem mais de de 400 anos, provavelmente derivado da tradição dos monastérios belgas, tornou-se bastante popular nos séculos XVIII e XIX nas cidades a leste de Bruxelas, em especial nas cidades de Louvain e Hoegaarden onde eram produzidos os exemplares mais conhecidos. Com a popularização das cervejas Lagers a Witbier perdeu espaço e no ano de 1957 literalmente desapareceu depois que a última cervejaria belga faliu. Dez anos depois um grande homem chamado Pierre Celis levantou dinheiro com os familiares para abrir uma cervejaria a fabricar a tradicional Witbier, ele a batizou com o nome Hoegaarden e anos depois a cerveja tornou-se mundialmente conhecida.
A “Witbier Monstro” mantém a mesma base desde que nasceu, a única diferença é que a segunda versão foi aprimorada com uma quantidade maior das especiarias (coentro e raspas de laranja) e o resultado foi ótimo, em especial no aroma, por isso as alterações foram mantidas na receita da terceira leva de cerveja artesanal que está maturando agora.
Receita para uma Witbier Monstro (20 litros)
2,5kg Malte Pilsner
2,5kg Trigo não maltado
0,2kg Aveia em flocos
7g de lúpulo Halllertau Herkules (first wort)
7g de lúpulo Perle (20 mins)
25g de sementes de coentro moídas
35g de raspas de laranja
Levedura Fermentis Safbrew T58
As rampas de mosturação foram:
30 mins a 50C
50 mins a 63C
10 mins a 76C
A primeira adição de lúpulo foi feita logo após a primeira etapa da filtragem, e as especiarias foram adicionadas durante os 5 minutos finais de fervura utilizando uma hopbag (algo bem parecido com aqueles saquinhos de chá) A OG estimada é de 1049 e a temperatura de fermentação 19C. Notaram que há pouco lúpulo nessa receita? o lúpulo é discreto nesse estilo, tanto no aroma quanto no amargor, o destaque fica por conta das especiarias e talvez esse seja um dos motivos dessa cerveja ser tão bem recebida pelas mulheres.
Que fique claro que em hipótese alguma a Cerveja Monstro considera que Witbier é “cerveja de mulher”, pelo contrário, diversos amigos provaram e adoraram, esse recorte foi dado apenas porque tradicionalmente em nosso país (tão maltratado pelas grandes industrias cervejeiras) a maior parte do mercado de cerveja é composta por homens e é bem legal ver que isso está mudando, um bom exemplo disso é a mãe desse que vos escreve, ela que “nunca bebeu cerveja apenas Malzibier” hoje não hesita em dizer que a witbier é uma de suas prediletas. Alguém ai quer provar?
A primeira cerveja produzida por aqui foi uma India Pale Ale, esse estilo foi o escolhido por ser um dos favoritos do “aprendiz de mestre cervejeiro”, e apesar de ter apresentado atributos estéticos a serem aprimorados e baixa eficiência do processo essa primeira cerveja artesanal ficou muito boa, em especial porque quando a provei pela primeira vez ela imediatamente me trouxe recordações das ótimas cervejas desse estilo que conheci. A India Pale Ale (IPA) é uma cerveja caracterizada pela maior presença do lúpulo no sabor e no aroma se comparada as Pale Ales Inglesas, é mais amarga, sua graduação alcoólica varia entre 5% e 7,5% e além disso geralmente a presença do malte é mais nítida do que nas cervejas comuns.
A origem desse estilo é interessante e começa no inicio do século XVIII com a evolução das técnicas de malteamento dos grãos, o que possibilitou a obtenção dos primeiros maltes claros (pale malts) e consequentemente das primeiras cervejas claras (Pale Ale) na Inglaterra, dentre essas novas cervejas uma altamente lupulada e feita para ser armazenada por períodos maiores tornou-se bastante popular, era conhecida como October e produzida pela cervejaria Bow Brewery.
No final do século XVIII a October já tinha adquirido boa reputação entre os mercadores que trabalhavam na Companhia Inglesa das Índias Orientais, a empresa que explorava o monopólio do comercio com as Índias Orientais (concedido pela rainha Elizabeth I). Pouco tempo depois os navios mercantes começaram a transportar diversas cervejas inglesas para a Índia, enquanto algumas cervejas eram impactadas negativamente a October altamente lupulada e atenuada se beneficiava da longa viagem entre os continentes, tornando-se muito popular com os consumidores daquela região.
A popularização desse estilo ainda contou com um outro fator importante, diversas cervejarias Inglesas perderam o mercado russo devido a elevação dos impostos naquele país, isso fez com que essas empresas procurassem um novo mercado para escoar sua produção, assim várias cervejarias começaram a emular a October e a exportar para a Índia. Com a entrada de novas cervejarias na produção desse tipo de cerveja o estilo ganhou popularidade e tornou-se conhecido como India Pale Ale.
É bom lembrar que é preciso um certo cuidado ao oferecer esse tipo de cerveja para os amigos que não estão habituados a beber cervejas artesanais ou especiais, esse estilo de cerveja é consideravelmente mais “forte” que as nossas tradicionais cervejas brasileiras e por isso pode causar certa estranheza nos primeiros contatos. Isso aconteceu aqui quando ofereci minha primeira India Pale Ale a amigos, alguns educadamente disseram que era “forte” e meses depois, após já terem adaptado o paladar a outros estilos de cerveja, contaram que a primeira impressão não foi muito agradável, destoava demais do conceito brasileiro de “cerveja”. Portanto se você está pensando em começar a se aventurar em cervejas artesanais ou quer estimular a aventura de alguém, sugiro começar por um estilo mais tranquilo. Isso não significa que a India Pale Ale deva ser deixada de lado, o paladar só precisa de algum tempo para se acostumar com a maior presença do malte e lúpulo, depois disso não hesite, você poderá ter a agradável surpresa de descobrir que a India Pale Ale pode perfeitamente figurar na sua lista de favoritas.
Depois de algumas semanas fermentando e maturando a cerveja artesanal está pronta para ser embarrilada ou engarrafada e em ambos os casos a meta é carbonatar a cerveja para que ela fique pronta para o consumo. Quando carbonatadas no postmix (barril) as cervejas recebem CO2 constantemente por um determinado período até que absorvam a quantidade de gás desejada, por outro lado quando as cervejas são engarrafas elas podem tanto serem carbonatadas em um postmix e transferidas para a garrafa, quanto fazerem uma segunda fermentação a partir de uma solução de açúcar e água, o que é chamado de “priming”, dessa forma a levedura (fermento) transforma o açúcar adicionado a cerveja em álcool e CO2 ,este ultimo não consegue sair da garrafa porque ela está completamente lacrada pela tampinha, dessa forma é feita a carbonatação dentro da garrafa, o que também é conhecido como refermentação.
Após a fermentação da Pé Grande ter sido concluída, ela foi colocada para maturar a baixas temperaturas para que se tornasse uma cerveja mais límpida. Quase um mês depois do dia da brassagem ela foi engarrafada utilizando 115g de açucar invertido para o priming. O processo de engarrafamento é o mais tradicional aqui na Monstro Cerveja Artesanal, isso não significa que seja o mais simples, honestamente falando acho que esse processo demanda mais tempo e esforço que o embarrilamento.
Para engarrafar a American Wheat foi necessário lavar minuciosamente cada uma das garrafas utilizadas, aguardar secarem para em seguida as sanitizar com Álcool 70. Só para essa leva foram utilizadas mais de 40 garrafas, lavar e sanitizar uma a uma é bastante trabalho, além disso é preciso sanitizar todas as tampinhas, as responsáveis por manter o gás carbônico gerado pela segunda fermentação dentro da garrafa.
Após sanitizar as garrafas com Álcool 70 é preciso aguardar um tempo até que elas sequem, enquanto isso o maturador foi retirado do refrigerador e a cerveja transferida para um outro recipiente devidamente sanitizado. Esse procedimento é feito com o intuito de separar a cerveja da levedura e demais partículas sólidas decantadas no fundo do recipiente. Todos os equipamentos que entram em contato com a cerveja nessa etapa de produção devem ser religiosamente sanitizados, do contrário pode-se perder toda a leva de cerveja por contaminação e esse é um risco que definitivamente não vale a pena correr, por isso é sempre melhor pecar pelo excesso de zelo.
Depois que a cerveja é transferida para o novo recipiente é hora de retirar uma amostra com a proveta (também sanitizada) e verificar o quanto a cerveja atenuou utilizando um refratômetro. A leitura indicou 6,2Brix, feito os ajustes necessários encontramos uma gravidade final de 1,011SG que comparada a gravidade inicial de 1,047SG nos dá a quantidade de álcool por volume dessa cerveja, que é 4,7%. Em seguida foi adicionada a solução de açúcar fermentável e todo o conteúdo do recipiente foi mexido algumas vezes para que a solução adicionada fosse completamente diluída e misturada de forma homogênea a cerveja.
O ultimo passo é literalmente passar o conteúdo do recipiente para cada uma das garrafas, uma a uma elas são preenchidas com o precioso liquido, tomando o cuidado de não encher demais, sempre deixar um espaço (“head space”) entre a cerveja e a tampa, esse espaço é utilizado para fornecer oxigênio que é utilizado na segunda fermentação e para “controlar” a pressão dentro das garrafas.
Agora é aguardar a segunda fermentação terminar e assim que a cerveja estiver carbonatada estará pronta para o consumo. Alguém quer provar a Pé Grande?
Ontem foi dia de embarrilar cerveja de trigo, a Monstro do lago Weiss! sabem o que isso significa? Significa que em breve terei uma ótima opção de cerveja artesanal para esses dias quentes de verão =) Apesar de repetir essa receita pela terceira vez, essa é a primeira em que utilizo o postmix (barril) para a carbonatação da cerveja e estou curioso para saber o impacto dessa escolha no resultado final.
Um dos benefícios de utilizar o postmix para carbonatar a cerveja é a praticidade, afinal isso demanda menos trabalho que a limpeza e sanitização de diversas garrafas de vidro, o processo é simples, consideravelmente mais rápido e foi mais ou menos assim:
O primeiro passo foi limpar e depois sanitizar o postmix, todos os seus componentes e demais itens a serem utilizados para servir a cerveja direto do barril (como chopp). Para sanitizar os equipamentos utilizo solução de ácido paracético.
Depois tirei o fermentador / maturador da geladeira e transferi a cerveja para o postmix devidamente limpo e religiosamente sanitizado (qualquer deslize aqui e lá se vai uma leva inteira de cerveja para o ralo).
Antes de engarrafar retirei uma pequena amostra para mensurar o quanto a levedura trabalhou e dessa forma obter a gravidade final da cerveja. Utilizei o refratômetro e a leitura indicou 5,8brix, como a fermentação gera álcool e isso distorce a informação é preciso corrigi-la. Após a correção a gravidade final da cerveja ficou em 1,007 e ao considerarmos a sua gravidade inicial de 1,049 temos uma cerveja com 5,5% de álcool.
Por último, conectei o postmix ao cilindro de CO2 para iniciar o processo de carbonatação forçada. Como as cervejas weizen ou weissbier tem um volume maior de gás dissolvido por litro de cerveja que a maior parte dos outros estilos, quase dobrei a pressão liberada pelo cilindro em comparação com o último embarrilamento (English Pale Ale). Em seguida sacudi algumas vezes o barril para ajudar a cerveja a absorver o gás mais depressa, mas me dei conta de que isso não seria necessário, já que não pretendia servir a cerveja naquele momento, então deixei o cilindro aberto, enviando constantemente CO2 para o barril até que a quantidade de gás absorvida pela cerveja seja a que configurei pelo manômetro.
Enquanto aguardo a cerveja absorver lentamente o CO2 até estar no ponto ideal para a degustação preciso encontrar algumas “cobaias” para experimentarem essa leva e me passarem as suas impressões. Alguém disponível?
Agora na virada do ano, enquanto recordava a indescritível sensação de degustar minha primeira cerveja, decidi olhar as anotações que sempre faço antes e durante a produção e me dei conta de que as cervejas inglesas estiveram mais presentes por aqui do que eu imaginava. Dentre todas as cervejas que nasceram aqui na Monstro, 39% foram cervejas inglesas, quatro IPA’s (talvez o meu estilo favorito!), uma Brown Ale, uma Brown Porter, uma Ordinary Bitter, uma Best Bitter e uma English Pale Ale, se eu incluísse as cervejas Irlandesas (ali pertinho) essa soma ultrapassaria os 50% enquanto as escolas alemã, americana, checa e belga dividiriam os 48% restantes. Enquanto aprendia, testava e degustava as cervejas que ia produzindo, não me preocupei em diversificar os estilos ou atender pedidos, talvez o critério mais importante na decisão de qual cerveja produzir foi o meu gosto e exatamente por isso a escola inglesa de cerveja abriu uma boa vantagem sobre as demais.
Essa tendência inglesa tem uma explicação simples: entre 2007 e 2008 estudei em Londres e isso fez com que eu descobrisse os pubs e consequentemente mais sobre a escola inglesa de cerveja. Acho improvável alguém se interessar por cervejas especiais (ou artesanais ou boa cerveja, como quiserem) se não beber e provar novas e boas cervejas, expandir o paladar é fundamental e nesse sentido a Inglaterra teve um papel muito importante em minha “formação cervejeira” (que ainda está começando) e tem a minha preferência, até de forma injusta, já que não conheço o suficiente das outras escolas para fazer uma comparação no mesmo patamar.
Os pubs tiveram grande importância para a cultura britânica porque eram o ponto de encontro da comunidade de muitos lugares, em especial nos vilarejos. O termo pub é a forma informal de “public house“, local público, que é uma oposição a “private house“, local privado. Em minha breve passagem pela terra da rainha notei que os pubs ingleses são frequentados por todo o tipo de gente que além de beber e fazer refeições como almoço, chá da tarde e jantar, também vão aos pubs para encontrar amigos, conversar sobre política ou esportes e em alguns casos até realizar eventos comunitários. Certa vez eu e alguns amigos havíamos deixado um pub e ao nos dirigirmos para nosso destino encontramos um outro pub pelo caminho onde estava rolando um show cover do Elvis para uma galera da melhor idade, aquilo foi sensacional, juro que tentei dançar com algumas senhoras assim como algumas de minhas amigas dançavam com os senhores presentes, foi uma experiência bem legal. De forma geral, qualquer outro programa como cinema, teatro, estádios de futebol ou tardes nos parques acabavam num pub, seja para fish & chips, burgers ou para uma das deliciosas ales espalhadas por lá.
A Inglaterra tem grande importância para a história da cerveja porque foi lá que vários estilos de cerveja surgiram como as Bitter, English Pale Ale, Porter, Stout, Indian Pale Ale, Brown Ale e Mild e isso faz parte do orgulho que os ingleses tem de sua tradição cervejeira. Com a invasão das grandes multinacionais da cerveja os britânicos de forma geral assistiram o interesse pelos estilos tradicionais de cerveja cair ao longo das últimas décadas, o que significou a perda de mais da metade do mercado para as cervejas do tipo Pilsner. Felizmente nos últimos anos o interesse do público jovem pelas ales tem aumentado e está impulsionando as microcervejarias, pequenos produtores locais e brewpubs a seguirem produzindo ótimas cervejas e mantendo viva a tradição das verdadeiras cervejas inglesas.
Nesse exato momento tem uma IPA fermentando e uma ótima English Pale Ale embarrilhada. Em breve falarei mais sobre elas e de outras cervejas inglesas que apareceram e continuarão a aparecer por aqui.
No próximo dia 11 de Dezembro completará um ano desde que pela primeira vez tentei misturar malte, lúpulo, água e fermento =) Depois desse tempo aprendendo, errando, estudando, tentando, testando, degustando e fazendo cerveja com minhas próprias mãos, finalmente me considero um “homebrewer” (quem faz a própria cerveja em casa). Aproveitando a data, decidi criar um canto para compartilhar o que tenho aprendido, falar sobre cerveja e melhor responder os amigos que sempre perguntam com um olhar curioso: “Você faz cerveja?”, “como assim?”, “cerveja artesanal?”, “como você faz?”.
Difícil explicar o que me levou ao hobby de cerveja artesanal, pra ser sincero até pouco tempo não sabia que era possível e quando dei por mim já estava estudando os processos de fabricação e a melhor forma de construir e adaptar o equipamento necessário para começar a produzir. Acho que alguns fatores me ajudaram a chegar até aqui: adoro cerveja, gosto de cozinhar, tenho prazer em conhecer coias novas (em especial sabores!), sempre quis criar algo palpável com minhas próprias mãos e a saudade das excelentes cervejas encontradas fora do país.
Existem alguns cursos no Brasil para quem quer aprender a fazer cerveja em casa, mas decidi estudar por conta própria e aprender errando. O primeiro passo foi ler a respeito, o site da acervapaulista está recheado de coisas úteis para iniciantes e foi lá que comecei a coletar informações, em seguida me inscrevi em fóruns e listas de discussão para trocar informações com apaixonados como eu e por ultimo li cuidadosamente o “how to brew” do John Palmer (baita referência no assunto) a primeira edição do livro pode ser lida online aqui (em inglês) e uma tradução colaborativa para o nosso idioma também encontra-se online, aqui. Essa foi a base que me ajudou a começar minhas brassagens, tenho certeza de que ainda há muita coisa para aprender, mas com isso já foi possível fazer ótimas cervejas e se divertir um bocado. E assim, antes mesmo de eu saber nascia a Monstro Cerveja Artesanal 🙂