Ordinary Bitter – segunda versão (receita)

Cerveja artesanal Ordinary Bitter
Cerveja artesanal Ordinary Bitter

Essa é a segunda versão da nossa cerveja artesanal Ordinary Bitter, a primeira leva agradou e por isso decidimos fazer uma nova investida nesse estilo inglês. A receita original dessa ale foi modificada na tentativa de atingirmos as duas melhorias que mencionamos quando a provamos: 1 – maior presença do característica do malte (caramelado), e 2 – melhorar o nível de carbonatação.

Para atingirmos o nosso primeiro objetivo, realçar a característica maltosa da cerveja, decidimos adicionar uma pequena quantidade do malte Munich a receita, esse malte tem um sabor maltoso doce.  Ainda pensando em aprimorar o ponto 1 decidimos realizar uma decocção simples (mais detalhes a seguir), que dentre outras funções ajuda a realçar o sabor do malte na cerveja. Além disso, passamos a utilizar apenas o malte Pale Ale como base e um pouco de malte de trigo para ajudar na retenção do colarinho.

Decocção é muito usada para estilos da Alemanha e da Boêmia, em linhas gerais essa técnica envolve a retirada de uma parte do mosto durante a mosturação para leva-la a fervura em um outro recipiente, depois de fervida essa parte é rapidamente devolvida ao restante do mosto fazendo com que sua temperatura se eleve e atinja o nível da próxima etapa da mosturação. Existem cervejas que utilizam mais de uma decocção durante sua produção como as Pilsners Checas por exemplo.
Os maiores benefícios da decocção são:
1 – Máxima extração do sabor do malte;
2 – Ao ferver parte do mosto é caramelizado o que realça o sabor de malte da cerveja;
3 – A alta temperatura da fervura destrói a parede celular liberando mais enzimas responsáveis pela conversão do amido em açúcar, ou seja, melhore-se a eficiência da brassagem;
4 – As proteínas contidas no mosto coagulam durante a fervura e são deixadas para trás durante a filtragem, melhorando assim a claridade da cerveja.

Com base nesses benefícios, em especial os dois primeiros, decidimos utilizar essa técnica sem se importar com o fato de empregar uma técnica “alemã”  no produção de uma cerveja inglesa, mesmo porque optamos por testar o lúpulo americano Warrior nessa leva, os cervejeiros mais “ortodoxos” que nos perdoem. A segunda versão da receita da nossa Ordinary Bitter ficou assim:

90% malte Pale Ale
7,5% malte de trigo
2,5% malte Munich
31 IBUs lúpulo Warrior (60mins)
1 tablete de whirlfloc (15 mins)
Levedura London Ale White Labs #WLP013

Começamos aquecendo água da mosturação até 67C, adicionamos os grãos moídos e em seguida retiramos um terço de toda a mistura para decoção enquanto o restante seguia na mesma temperatura. Levamos a menor parte a fervura e depois disso adicionamos ao restante do mosto, não conseguimos atingir a temperatura que desejávamos para a nossa próxima etapa (os 76C para o mash out) por isso tivemos que acionar o nosso queimador.
Depois iniciamos a filtragem e após a conclusão da primeira parte, realizamos a lavagem dos grãos com mais água para extrair mais açúcares, em seguida inciamos a ultima parte da filtragem antes de começarmos a fervura.
A primeira adição de lúpulo foi feita no inicio da fervura, a uma hora do fim, enquanto o whirlfloc foi adicionado com 45 minutos de fervura. Após uma hora resfriamos o mosto rapidamente com a ajuda de um chiller . Após atingir a temperatura de 20C colocamos o fermento (WLP013) e fermentamos nos mesmos 20C por 13 dias, depois baixamos a temperatura gradativamente até atingir 1C, quando finalmente embarrilamos nossa bitter no postmix.

A questão da carbonatação é mais fácil de acertar, ao embarrilarmos a cerveja é só ajustarmos o nível de CO2 que desejamos e pronto.

Veja o resultado dessa receita aqui (vídeo).

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Provando a English Pale Ale (ESB)

English Pale Ale (ESB)
English Pale Ale (ESB)

Esse é o resultado da nossa segunda cerveja artesanal do estilo English Pale Ale (ESB), a única diferença em relação a receita publicada anteriormente é que essa leva foi carbonatada com refermentação na garrafa enquanto a primeira foi embarrilada em postmix. Mesmo utilizando apenas 6g de açúcar por litro de cerveja para a priming achei que a cerveja ficou ligeiramente mais carbonatada que as pale ales inglesas, nada que comprometa a experiência, mas fiquei com a sensação de que na terra da rainha essa cerveja teria um pouco menos de gás.

Os lúpulos fizeram a sua parte e a cerveja tem aproximadamente 43 IBUs, o amargor é agradável e o discreto aroma de lúpulo poderia ser melhor se fosse menos tímido, talvez seja o caso de aumentar a quantidade de lúpulo no final da fervura ou considerar a hipótese de uma nova adição durante a maturação da cerveja para preservar seu aroma.

A fermentação começou com uma densidade inicial de 1.052SG e terminou em 1.019SG (o esperado era 1.014SG) o que resultou numa graduação alcoólica de 4,5% e uma cerveja bem encorpada. Novamente me deparo com uma atenuação aquém do esperado, acho que reduzir a temperatura de brassagem e melhor controla-la pode me ajudar a lidar com isso. A cerveja ficou ligeiramente mais escura (cobre) que a versão anterior, as características do malte estão presentes, discretas no aroma e mais perceptíveis no sabor, mas honestamente falando ainda não consegui atingir a característica maltosa que desejo.

Difícil saber se devo mudar a receita ou apenas a repetir e me certificar de que a cerveja atenue conforme o esperado antes de decidir se vale a pena ou não estudar modificações no processo. No geral essa é uma boa cerveja com alguns pontos a aprimorar e justamente por isso ela é uma forte candidata e voltar para a nossa lista, até lá decido se haverá alterações na receita.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Provando a nova Ordinary bitter – vídeo

Já havíamos comentado que voltaríamos a produzir a nossa cerveja artesanal do estilo ordinary bitter, uma cerveja leve, amarga, fácil de beber e com alguma personalidade. Dessa vez decidimos tentar aprimorar os pontos que apontamos quando provamos nossa primeira leva dessa ótima ale inglesa. O primeiro era a maior presença do malte (caramelado) e o segundo a carbonatação, por isso a receita original foi alterada, mudamos ingredientes e processos para tentar obter uma cerveja artesanal ainda melhor.
Observação: Como essa é a primeira vez que publicamos um vídeo ao invés de foto para mostrar o resultado de nossa cerveja, vamos inverter a ordem das coisas, esse post abordará os resultados e a receita com as alterações no processo virá num próximo, ok?

Mandamos para o fermentador o mosto com gravidade inicial de 1.039SG, ligeiramente acima do previsto (1.037SG),  que foi convertido pela levedura em uma cerveja com gravidade final de 1.014SG, também acima do previsto (1.011SG), resultando em uma graduação alcoólica de 3,3%.
A cerveja não tem um final seco como deveria, acreditamos que isso se deve ao fato de não ter atenuado como o esperado. As alterações na receita deram resultado e dessa vez é possível notar a discreta presença do malte tanto no aroma quanto no sabor. Não observei a presença de lúpulo no aroma, mas os 31 IBUs se fazem presentes no sabor de forma agradável, essa é uma cerveja amarga.
As alterações na receita também impactaram na cor, se vocês compararem as imagens da primeira versão com o vídeo é possível notar que essa leva ficou um pouco mais escura, tendendo mais para o cobre do que para o amarelo.
Aprimorar a carbonatação foi mais simples, porque dessa vez embarrilamos a cerveja no postmix e mantivemos a carbonatação baixa para ficar mais próximos das verdadeiras ales britânicas.

Nossas alterações surtiram o efeito esperado e essa versão da Ordinary Bitter está ainda melhor que a anterior, talvez se a característica maltosa da cerveja fosse menos tímida ela estaria ainda melhor, portanto, na próxima leva esse será o ponto que tentaremos aprimorar, além é claro de tentar trazermos a atenuação ao seu nível normal.

Se você está buscando uma cerveja leve, amarga e fácil de beber essa Bitter é uma ótima pedida. Logo postamos a nova versão da receita.

um abraço,
Cerveja Monstro.

Provando a Ordinary Bitter

Ordinary Bitter - Monstro Cerveja Artesanal
Ordinary Bitter – Monstro Cerveja Artesanal

Hora de provar e conhecer o resultado de mais uma cerveja artesanal inspirada na tradicional escola inglesa. A ideia de produzir uma Ordinary Bitter surgiu da vontade de descomplicar um pouco as coisas, o processo de produção segue trabalhoso mas elaborar a receita foi relativamente mais simples. Conforme comentei no post anterior, a Ordinary Bitter é conhecida por ser uma ale leve com um frutado suave, sua cor pode variar entre o amarelo claro e o cobre e seus melhores exemplos apresentam aroma de malte caramelado.

A fermentação começou com uma gravidade incial de OG 1.040 SG e terminou em 1.009 SG o que resultou no teor alcoólico de 4,1% (um pouco acima do limite do estilo que é 3,8%). A carbonatação foi feita adicionando açúcar fermentável a cerveja (priming) antes de engarrafa-la, utilizei cerca de 5,6g por litro.

Indiscutivelmente essa foi uma das minhas cervejas caseiras mais fáceis de beber, leve, ligeiramente frutada e amarga (aproximadamente 31 IBU’s) como se espera de uma bitter, há também a agradável presença do lúpulo no aroma. Gostei da cor que esta completamente dentro do esperado, gostei também da translucidez, não esta como uma lager que passa por um longo processo de clarificação, mas está bem honesta nesse sentido.

Curiosamente a minha ideia de manter a receita simples fez com que essa versão não apresentasse nenhuma nota de malte caramelado, o que era esperado já que não inclui nenhum malte especial com essa finalidade. Gosto de cervejas com essa característica e sem dúvida é algo que vou acrescentar na próxima versão.

Outra mudança para a próxima versão está relacionada ao nível de carbonatação, para uma bitter inglesa essa leva tinha muito gás (veja o tamanho do colarinho na imagem) bem diferente das irmãs britânicas que a inspiraram. Por isso, reduzirei o priming se carbonatar as próximas levas na garrafa ou injetarei pouco gás carbônico no postmix se decidir embarrilar, mas é certo que farei novas levas dessa Ordinary Bitter, ela prova que uma cerveja simples pode ser agradável e prazerosa.

Cheers!

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Degustando a English Brown Ale

English Brown Ale - Monstro Cerveja Artesanal
English Brown Ale – Monstro Cerveja Artesanal

Essa cerveja artesanal do estilo inglês Northern Brown Ale tem um leve e agradável aroma de malte com notas de caramelo e a sutil presença do lúpulo. No paladar o caráter doce do malte é evidente enquanto notas de caramelo são mais nítidas que as de torrefação, o amargor é médio e funciona bem como o contraponto do lado doce dessa cerveja que tem teor alcoólico de 5,2%, corpo médio, colarinho bege e cor marrom.

A gravidade inicial ficou em 1.055SG e a final em 1.017SG, eu gostaria que ela tivesse atenuado um pouquinho mais, talvez teria ficado ainda melhor. Como é possível ver nas fotografias essa ale ficou um pouco um pouco turva, acredito que na próxima leva eu consiga melhorar esse aspecto maturando a baixas temperaturas antes de engarrafar.

Essa ale foi uma das minhas primeiras criações, apesar da receita não ser minha, foi eu mesmo que em Janeiro de 2012 fui moer os grãos de cevada, joguei-os na panela, acrescentei os demais ingredientes, inoculei a levedura e consegui obter essa boa cerveja. Para os que se perguntam: “por quanto tempo posso armazenar uma cerveja caseira? “, com base nessa minha ale eu poderia dizer pelo menos um ano, mas confesso que observei uma pequena queda em qualidade depois desse tempo, talvez seja a temperatura do local onde armazeno minhas garrafas ou a própria ação do tempo.

English Brown Ale - Monstro Cerveja Artesanal
English Brown Ale – Monstro Cerveja Artesanal

Gostei do resultado! Espero que a próxima brassagem dessa Brown Ale não demore.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Ordinary Bitter

Ordinary Bitter - Monstro Cerveja Artesanal
Ordinary Bitter – Monstro Cerveja Artesanal

Depois de ter feito com sucesso algumas cervejas artesanais mais complexas (IPA e Dry Stout por exemplo) pensei, “por que não tentar fazer algo mais simples e também agradável?”, foi então que decidi mudar as coisas e partir para um dos mais simples estilos de cerveja da Inglaterra, o Ordinary Bitter, também conhecido como Standard Bitter. Segundo a Larousse da Cerveja a Standard / Ordinary Bitter é uma cerveja leve com um frutado suave, sua cor varia entre o amarelo claro e o cobre e seus melhores exemplos apresentam aroma de malte caramelado.

Essa é a mais leve das três cervejas que compõem o estilo English Pale Ale, mais conhecido na Inglaterra por Bitter, os outros sub-estilos são Special/Best/Premium Bitter e Extra Special/Strong Bitter (English Pale Ale). Originalmente as bitters eram servidas direto do barril (madeira) a temperatura ambiente com pouca ou nenhuma pressão utilizando a gravidade ou pressão manual. Criadas como uma alternativa as populares Pale Ale feitas no interior do país, as Bitters tornaram-se bastante populares e se espalharam pela terra da rainha depois dos mestres cervejeiros aprenderem a manipular as características da água e a deixa-la como a água de Burton, cidade do leste de Staffordshire, famosa pela produção de cervejas com o lúpulo mais evidente devido ao alto índice de sulfatos na água local.

Eu ainda não manipulo as características da água que uso, mas gostaria de fazer isso em breve, preciso encontrar um tempo para estudar o tema. Bom, mesmo sem manipular a água como muitos mestres cervejeiros fazem, decidi criar minha receita para uma cerveja caseira do estilo Ordinary Bitter.

Receita para cerveja artesanal Bitter (20 litros):

3 Kg de malte Pilsner
1 Kg de malte Pale Ale
20 g de lúpulo Northern Brewer (first wort)
1 tablete de Whirlfoc (15 mins)
10 g de lúpulo Northern Brewer (3 mins)
Levedura Wyeast Labs #1318 London Ale III

A mosturação é feita a 65C até o final da conversão dos amidos em açucares e em seguida o mash-out em 76C por 10 minutos.

A gravidade inicial estimada é de 1.040SG e a fermentação feita a 19C. Logo volto com a análise do resultado.

Cheers!

Um abraço,
Cerveja Monstro.

English Brown Ale

Cerveja Artesanal English Brown Ale - Cerveja Monstro
Cerveja Artesanal English Brown Ale – Cerveja Monstro

Quando comecei a fazer cerveja artesanal foquei minhas energias em estilos ingleses de cerveja, uma das minhas criações foi uma Northern English Brown Ale, inspirada no primeiro exemplar do estilo que provei por lá, uma Newcastle Brown Ale, cerveja relativamente famosa e que pode ser encontrada por aqui sem muita dificuldade. English Brown Ale é um tradicional estilo inglês de cerveja, o amargor e as características do malte estão nitidamente presentes tanto no aroma quanto no sabor (em especial nas versões produzidas ao norte da terra da rainha), sua cor pode variar entre o âmbar escuro e o marrom.

É difícil dizer quando a Brown ale começou a ser produzida, já que muitas das antigas ales inglesas eram prováveis “Brown Ales”, naquela época a tecnologia para a obtenção dos maltes claros (pale ale) ainda não tinha surgido, por isso todas as ales inglesas eram produzidas com o malte marrom (Brown malt), foi a base das ales britânicas por pelo menos 800 anos e que está praticamente extinto.
O termo “Brown Ale” passou a ser utilizado no começo do século XVIII para as cervejas Porters e ao longo desse mesmo século foi utilizado também para as primeiras Stouts, de forma genérica o termo “Brown” foi utilizado para cervejas diferentes da versão que atualmente o ostenta. A atual versão ganhou esse nome apenas no século passado, quando surgiu a necessidade de diferenciar cervejas mais fortes e eventualmente mais escuras que a English Mild, um estilo de cerveja semelhante a esse.

Cerveja artesanal English Brown Ale - Cerveja Monstro
Cerveja artesanal English Brown Ale – Cerveja Monstro

Minha quarta leva de cerveja feita em casa foi essa Brown Ale, decidi faze-la quando estava comprando insumos para outras brassagens e vi um livro sobre receitas de cervejas, pedi para olhar pois gostaria de fazer algo diferente do que vinha fazendo, quando vi a receita clone da Newcastle Brown Ale não resisti e pedi todos os insumos para tentar produzir a minha versão artesanal em casa. Na época não fiz nenhuma anotação relacionada aos ingredientes utilizados, simplesmente peguei o kit com os insumos para a minha brown ale e mandei ver, por isso não estou seguro em relação as substituições de ingrediente feitas pela loja e vou postar aqui a receita original extraída da segunda edição do livro “Clone Brews” de Tess and Mark Szamatulskis.

Receita Newcastle Brown Ale (19litros) :
4,2 kg de malte Pale inglês
0,057 kg malte Crystal inglês (55L)
0,057 kg malte Chocolate inglês
0,028 kg malte Black inglês
23g lúpulo Target (90mins)
14g lúpulo East Kent Goldings (45mins)
1 colher de Irish Moss (5mins)
Levedura Wyeast’s 1098 British Ale

Mosturação feita a 66,7C por 90mins e 10 mins a 76C.

Dessa receita me recordo que substitui o Irish Moss pelo tablete de Whirlfloc e a levedura Wyeast’s 1098 British Ale pela SafAle English Ale #S-04, a gravidade inicial foi de 1.055SG.

Gostaria de repetir essa receita, mas antes preciso fazer as adaptações necessárias na lista de maltes, já que não tenho acesso aos maltes ingleses listados, mas certamente devo encontrar bons maltes compatíveis por aqui. Em breve volto para publicar o resultado.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

English Pale Ale (ESB)

English Pale Ale é um popular estilo inglês de cerveja de alta fermentação, na terra da rainha é mais conhecido como “Bitter” (amargo), é feito predominantemente com maltes claros, tem amargor médio e a agradável presença do malte tanto no sabor quanto no aroma. Fizemos uma leva de cerveja artesanal desse estilo no final do ano passado, mas não durou muito tempo, a cerveja sumiu do postmix e para contar história só restaram a receita e a imagem abaixo. Como o resultado dessa ale foi bom, decidimos repetir a receita e a compartilhar com vocês.

Cerveja Monstro - English Pale Ale
Cerveja Monstro – English Pale Ale

Acredita-se que termo Pale Ale foi utilizado pela primeira vez por volta de 1703 para designar cervejas produzidas com os maltes claros (pale), esse tipo de malte foi criado com o auxilio de uma nova técnica de produção desenvolvida em torno do ano de 1642. Com a utilização do malte pale o resultado obtido foi uma cerveja mais clara que as populares da época, como a Brown Ale por exemplo. O termo Pale Ale é abrangente e pode causar confusão, alguns defendem que estilos como Amber Ale, English Bitter, American Pale Ale, Biérre de Garde, Blonde, Irish Red Ale, entre outros podem ser classificados como Pale Ale. O estilo abordado nesse post está dentro da família English Bitter (ou English Pale Ale) que é dividida em três diferentes tipos de cerveja que são: Standard / Ordinary Bitter, Special / Best / Premium Bitter e o Extra Special / Strong Bitter (English Pale Ale), para evitar qualquer confusão faremos um recorte mais preciso, a cerveja caseira desse post é do estilo English Pale Ale (ESB).

A English Pale Ale é uma cerveja de corpo médio, sua cor varia entre o dourado e o cobre, carbonatação baixa (por isso tem pouca espuma), o destaque fica para o equilíbrio entre malte e lúpulo tanto no aroma quanto no sabor, eventualmente pode tender para o amargo do lúpulo. Além disso, o caramelo pode ser ligeiramente perceptível no aroma e ter mais força no sabor, mas isso não e mandatório.
Pensando nos atributos acima comecei a desenhar a receita e para
 atribuir mais corpo e cor a cerveja utilizei malte Caramel / Crystal 60L, para o sabor e aroma de malte utilizei o malte Aromatic, a aveia foi utilizada para contribuir no corpo da cerveja, e os maltes base são Pilsner e Pale Ale. O lúpulo inglês utilizado foi o East Kent Goldings, possui característica floral / spicy e é usado com grande frequência nas ales inglesas. A levedura utilizada foi a London Ale (White Labs #WLP013) também comumente utilizada para British Pale Ales e Bitters, me chamou a atenção por sua característica maltada.

Nossa receita foi desenvolvida para 20litros e OG estimada de 1051SG, ficou assim:
3 kg de malte Pilsner
2 kg de malte Pale Ale
0,25 kg de malte Caramel / Crystal – 60L
0,20 kg de malte Aromatic
0,20 kg de aveia em flocos
20g de lúpulo Hallertau Herkules (first wort)
20g de lúpulo East Kent Goldings (15mins)
1 tablete de whirlfloc (15mins)
20g de lúpulo East Kent Goldings (1min)
Levedura White Labs London Ale #WLP013

Para a mosturação foi utilizada apenas uma rampa de sacarificação em 68C até o final da conversão, em seguida 10 minutos a 76C para o mash out.

A adição do lúpulo começa logo após o término da primeira parte da filtragem (first wort), enquanto a segunda adição foi feita junto com o whirlfloc faltando 15 minutos para o final da fervura e a última adição do East Kent Goldings foi feita a 1 minuto do final, focando aroma. A temperatura de fermentação foi de 19C com uma variação de 0,5C para mais ou para menos, com redução gradativa da temperatura após duas semanas para ajudar a decantar a levedura e demais partículas sólidas, auxiliando a clarificar a cerveja.

Em breve a segunda versão será engarrafada, logo posto os resultados aqui.
[UPDATE: conheça os resultados aqui]

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Degustando a Brown Porter

Cerveja Artesanal Brown Porter - Cerveja Monstro
Cerveja Artesanal Brown Porter – Cerveja Monstro

Essa Brown Porter é mais uma cerveja artesanal do estilo inglês que não decepcionou, nossa cerveja artesanal degustada hoje foi feita no final de Julho (com essa receita) e engarrafada no final de Setembro, levou algumas semanas para carbonatar mas essa espera valeu a pena. Com teor alcoólico de 5,4% e aproximadamente 33 IBU’s apresenta uma agradável cremosidade em um corpo médio escuro com espuma persistente, cremosa e bege. O malte e o torrado estão presentes tanto no aroma quanto no sabor, com o torrado um pouco mais nítido que o malte, felizmente o amargor oriundo do lúpulo, que se restringiu a isso, dá o equilíbrio a cerveja que tem um final seco e pouquíssimos esteres frutados.
A primeira tentativa nesse estilo foi boa e por isso a base da receita será mantida, porém já identifiquei uma alteração a ser feita e ela está relacionada a quantidade de malte torrado, nesse caso o Carafa III. A cor está um pouco além do esperado, demasiadamente escuro na minha opinião, e o malte torrado sobressaiu o malte não tostado por isso pretendo reduzir um pouco a quantidade do Carafa III na próxima versão. Além disso, devo aumentar um pouco mais a quantidade do Caramunich II ou utilizar um outro malte que ofereça um pouco mais de força para o sabor e aroma de malte não tostado e quem sabe ofereça algo secundário como caramelo ou nozes.

Devo confessar que escrever essas degustações é sempre muito legal porque é nesse momento que coloco toda a minha atenção em minhas criações e tento traduzi-las nesse espaço, porém nem sempre é fácil, as vezes acho que eu deveria pedir para algumas pessoas fazerem isso por mim… vou amadurecer essa ideia.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Brown Porter – receita

Cerveja Monstro - Brown Porter
Cerveja Monstro – Brown Porter

Brown Porter é uma típica e agradável ale inglesa, uma cerveja leve, escura e com a presença do malte e de um torrado sutil tanto no aroma quanto no sabor, pode ainda apresentar um caráter de caramelo ou nozes em alguns exemplares. Foi com isso em mente que comecei a pesquisar mais informações e criei minha primeira receita para uma cerveja artesanal escura, apesar de já ter passado algum tempo desde que a fiz acho que vale a pena compartilhar minha breve experiência nesse estilo, mesmo porque essa cerveja feita em casa ficou bem bacana.
Porter é um estilo de cerveja desenvolvido em Londres durante o século XVIII, ganhou esse nome graças a popularidade alcançada entre os trabalhadores portuários. A Brown Porter é um dos tipos de cerveja Porter, existem outros dois que são: Robust Porter e Baltic Porter, esses são relativamente mais fortes, densos e com teor alcoólico maior. A Porter foi precursora da Stout, ainda no século XVIII os exemplares mais fortes eram conhecidos como “Stout Porters” e só depois de algum tempo tornaram-se Stouts, um bom exemplo dessa relação entre os estilos é a cerveja Guinness que originalmente ostentava a alcunha de “Extra Superior Porter” e por volta de 1840 passou a ser chamada de “Extra Stout”.

Cevada maltada - Carafa III
Cevada maltada – Carafa III
Cevada maltada - Caramunich II
Cevada maltada – Caramunich II

Depois de alguma pesquisa descobri que, ao contrário do que imaginava, não era necessário grande quantidade de malte escuro para se obter uma cerveja mais escura, por isso parti para apenas 250g do malte carafaIII, adicionei malte Caramunich II para realçar o aroma de malte e contribuir no corpo da cerveja, além disso, incluí também aveia para atribuir um pouco de cremosidade.
Como o estilo pede discrição do lúpulo no aroma e no sabor o escolhido foi o Northern Brewer por ser mais neutro, a levedura utilizada foi uma autentica levedura de Londres, a London Ale (#WLP013). Bom, a minha receita para a Brown Porter (20 Litros) ficou assim:

4 kg de Malte Pale Ale
0,5 kg de aveia em flocos
0,25 kg de Malte Caramunich II
0,25 kg de Malte Carafa III
20g de lúpulo Northern Brewer (first wort)
10g de lúpulo Northern Brewer (15 mins)
1 tablete de Whirlfloc
Levedura White Labs London Ale (#WLP013)

Gravidade inicial estimada em 1.047SG.

As rampas de temperatura durante a mosturação foram:
30 min a 50C
40 min a 69C
10 min a 76C

A adição da primeira parte do lúpulo é feita logo após o término da primeira parte da filtragem, enquanto o restante foi adicionado durante a fervura junto com o whirlfloc. A temperatura de fermentação foi de 19C com uma variação de 0,5C para cima e para baixo. A cerveja ficou no fermentador / maturador aproximadamente 2 meses, sendo que nas ultimas semanas maturou a baixa temperatura antes de ser engarrafada com uma solução de açúcar fermentável para a carbonatação.

Em breve mostro e comento o resultado dessa Brown Porter.

Um abraço,
Cerveja Monstro.