English Pale Ale (ESB)

English Pale Ale é um popular estilo inglês de cerveja de alta fermentação, na terra da rainha é mais conhecido como “Bitter” (amargo), é feito predominantemente com maltes claros, tem amargor médio e a agradável presença do malte tanto no sabor quanto no aroma. Fizemos uma leva de cerveja artesanal desse estilo no final do ano passado, mas não durou muito tempo, a cerveja sumiu do postmix e para contar história só restaram a receita e a imagem abaixo. Como o resultado dessa ale foi bom, decidimos repetir a receita e a compartilhar com vocês.

Cerveja Monstro - English Pale Ale
Cerveja Monstro – English Pale Ale

Acredita-se que termo Pale Ale foi utilizado pela primeira vez por volta de 1703 para designar cervejas produzidas com os maltes claros (pale), esse tipo de malte foi criado com o auxilio de uma nova técnica de produção desenvolvida em torno do ano de 1642. Com a utilização do malte pale o resultado obtido foi uma cerveja mais clara que as populares da época, como a Brown Ale por exemplo. O termo Pale Ale é abrangente e pode causar confusão, alguns defendem que estilos como Amber Ale, English Bitter, American Pale Ale, Biérre de Garde, Blonde, Irish Red Ale, entre outros podem ser classificados como Pale Ale. O estilo abordado nesse post está dentro da família English Bitter (ou English Pale Ale) que é dividida em três diferentes tipos de cerveja que são: Standard / Ordinary Bitter, Special / Best / Premium Bitter e o Extra Special / Strong Bitter (English Pale Ale), para evitar qualquer confusão faremos um recorte mais preciso, a cerveja caseira desse post é do estilo English Pale Ale (ESB).

A English Pale Ale é uma cerveja de corpo médio, sua cor varia entre o dourado e o cobre, carbonatação baixa (por isso tem pouca espuma), o destaque fica para o equilíbrio entre malte e lúpulo tanto no aroma quanto no sabor, eventualmente pode tender para o amargo do lúpulo. Além disso, o caramelo pode ser ligeiramente perceptível no aroma e ter mais força no sabor, mas isso não e mandatório.
Pensando nos atributos acima comecei a desenhar a receita e para
 atribuir mais corpo e cor a cerveja utilizei malte Caramel / Crystal 60L, para o sabor e aroma de malte utilizei o malte Aromatic, a aveia foi utilizada para contribuir no corpo da cerveja, e os maltes base são Pilsner e Pale Ale. O lúpulo inglês utilizado foi o East Kent Goldings, possui característica floral / spicy e é usado com grande frequência nas ales inglesas. A levedura utilizada foi a London Ale (White Labs #WLP013) também comumente utilizada para British Pale Ales e Bitters, me chamou a atenção por sua característica maltada.

Nossa receita foi desenvolvida para 20litros e OG estimada de 1051SG, ficou assim:
3 kg de malte Pilsner
2 kg de malte Pale Ale
0,25 kg de malte Caramel / Crystal – 60L
0,20 kg de malte Aromatic
0,20 kg de aveia em flocos
20g de lúpulo Hallertau Herkules (first wort)
20g de lúpulo East Kent Goldings (15mins)
1 tablete de whirlfloc (15mins)
20g de lúpulo East Kent Goldings (1min)
Levedura White Labs London Ale #WLP013

Para a mosturação foi utilizada apenas uma rampa de sacarificação em 68C até o final da conversão, em seguida 10 minutos a 76C para o mash out.

A adição do lúpulo começa logo após o término da primeira parte da filtragem (first wort), enquanto a segunda adição foi feita junto com o whirlfloc faltando 15 minutos para o final da fervura e a última adição do East Kent Goldings foi feita a 1 minuto do final, focando aroma. A temperatura de fermentação foi de 19C com uma variação de 0,5C para mais ou para menos, com redução gradativa da temperatura após duas semanas para ajudar a decantar a levedura e demais partículas sólidas, auxiliando a clarificar a cerveja.

Em breve a segunda versão será engarrafada, logo posto os resultados aqui.
[UPDATE: conheça os resultados aqui]

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Degustando a Brown Porter

Cerveja Artesanal Brown Porter - Cerveja Monstro
Cerveja Artesanal Brown Porter – Cerveja Monstro

Essa Brown Porter é mais uma cerveja artesanal do estilo inglês que não decepcionou, nossa cerveja artesanal degustada hoje foi feita no final de Julho (com essa receita) e engarrafada no final de Setembro, levou algumas semanas para carbonatar mas essa espera valeu a pena. Com teor alcoólico de 5,4% e aproximadamente 33 IBU’s apresenta uma agradável cremosidade em um corpo médio escuro com espuma persistente, cremosa e bege. O malte e o torrado estão presentes tanto no aroma quanto no sabor, com o torrado um pouco mais nítido que o malte, felizmente o amargor oriundo do lúpulo, que se restringiu a isso, dá o equilíbrio a cerveja que tem um final seco e pouquíssimos esteres frutados.
A primeira tentativa nesse estilo foi boa e por isso a base da receita será mantida, porém já identifiquei uma alteração a ser feita e ela está relacionada a quantidade de malte torrado, nesse caso o Carafa III. A cor está um pouco além do esperado, demasiadamente escuro na minha opinião, e o malte torrado sobressaiu o malte não tostado por isso pretendo reduzir um pouco a quantidade do Carafa III na próxima versão. Além disso, devo aumentar um pouco mais a quantidade do Caramunich II ou utilizar um outro malte que ofereça um pouco mais de força para o sabor e aroma de malte não tostado e quem sabe ofereça algo secundário como caramelo ou nozes.

Devo confessar que escrever essas degustações é sempre muito legal porque é nesse momento que coloco toda a minha atenção em minhas criações e tento traduzi-las nesse espaço, porém nem sempre é fácil, as vezes acho que eu deveria pedir para algumas pessoas fazerem isso por mim… vou amadurecer essa ideia.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Degustando a Witbier

 

Cerveja artesanal Witbier - cerveja de trigo não maltado com especiarias
Cerveja artesanal Witbier – cerveja de trigo não maltado com especiarias

Essa é a nossa cerveja artesanal do estilo belga Witbier, uma cerveja feita com trigo não maltado, cevada maltada, lúpulo, raspas de laranja e sementes de coentro. Ela foi feita no final de Novembro e engarrafa nos últimos dias de Dezembro, após a carbonatação atingir seu ponto ideal as garrafas misteriosamente desapareceram, acho que os dias quentes contribuíram, restaram pouquíssimas sobreviventes, felizmente deu tempo de degustar com calma e colocar minhas impressões por aqui.

Com aproximadamente 19 IBU’s e teor alcoólico de 4,3% essa cerveja está exatamente como o esperado, leve, refrescante e carrega consigo um leve aroma cítrico de laranja e um suave perfume de coentro. No primeiro contato nota-se uma leve acidez, depois algo doce, enquanto o final é ligeiramente seco, o colarinho é branco e cremoso porém não persiste por muito tempo, enquanto o corpo é dourado e turvo como se espera de uma “white beer”.

Gostei muito do resultado, existem apenas dois aspectos que eu gostaria de melhorar, um deles eu atribuo a baixa eficiência no dia da brassagem, a gravidade inicial esperada era de 1.049SG e obtive apenas 1.045SG e por isso a cerveja tem apenas 4,3% de álcool enquanto o limite inferior desse atributo para o estilo é 4,5%. O outro ponto é algo que vem acontecendo em algumas outras criações também, a retenção de espuma tem ficado um pouco aquém do esperado, preciso revisar meus processos e descobrir a causa disso, quero uma cerveja ainda melhor.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Brown Porter – receita

Cerveja Monstro - Brown Porter
Cerveja Monstro – Brown Porter

Brown Porter é uma típica e agradável ale inglesa, uma cerveja leve, escura e com a presença do malte e de um torrado sutil tanto no aroma quanto no sabor, pode ainda apresentar um caráter de caramelo ou nozes em alguns exemplares. Foi com isso em mente que comecei a pesquisar mais informações e criei minha primeira receita para uma cerveja artesanal escura, apesar de já ter passado algum tempo desde que a fiz acho que vale a pena compartilhar minha breve experiência nesse estilo, mesmo porque essa cerveja feita em casa ficou bem bacana.
Porter é um estilo de cerveja desenvolvido em Londres durante o século XVIII, ganhou esse nome graças a popularidade alcançada entre os trabalhadores portuários. A Brown Porter é um dos tipos de cerveja Porter, existem outros dois que são: Robust Porter e Baltic Porter, esses são relativamente mais fortes, densos e com teor alcoólico maior. A Porter foi precursora da Stout, ainda no século XVIII os exemplares mais fortes eram conhecidos como “Stout Porters” e só depois de algum tempo tornaram-se Stouts, um bom exemplo dessa relação entre os estilos é a cerveja Guinness que originalmente ostentava a alcunha de “Extra Superior Porter” e por volta de 1840 passou a ser chamada de “Extra Stout”.

Cevada maltada - Carafa III
Cevada maltada – Carafa III
Cevada maltada - Caramunich II
Cevada maltada – Caramunich II

Depois de alguma pesquisa descobri que, ao contrário do que imaginava, não era necessário grande quantidade de malte escuro para se obter uma cerveja mais escura, por isso parti para apenas 250g do malte carafaIII, adicionei malte Caramunich II para realçar o aroma de malte e contribuir no corpo da cerveja, além disso, incluí também aveia para atribuir um pouco de cremosidade.
Como o estilo pede discrição do lúpulo no aroma e no sabor o escolhido foi o Northern Brewer por ser mais neutro, a levedura utilizada foi uma autentica levedura de Londres, a London Ale (#WLP013). Bom, a minha receita para a Brown Porter (20 Litros) ficou assim:

4 kg de Malte Pale Ale
0,5 kg de aveia em flocos
0,25 kg de Malte Caramunich II
0,25 kg de Malte Carafa III
20g de lúpulo Northern Brewer (first wort)
10g de lúpulo Northern Brewer (15 mins)
1 tablete de Whirlfloc
Levedura White Labs London Ale (#WLP013)

Gravidade inicial estimada em 1.047SG.

As rampas de temperatura durante a mosturação foram:
30 min a 50C
40 min a 69C
10 min a 76C

A adição da primeira parte do lúpulo é feita logo após o término da primeira parte da filtragem, enquanto o restante foi adicionado durante a fervura junto com o whirlfloc. A temperatura de fermentação foi de 19C com uma variação de 0,5C para cima e para baixo. A cerveja ficou no fermentador / maturador aproximadamente 2 meses, sendo que nas ultimas semanas maturou a baixa temperatura antes de ser engarrafada com uma solução de açúcar fermentável para a carbonatação.

Em breve mostro e comento o resultado dessa Brown Porter.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Engarrafando e carbonatando a Witbier

Witbier - cerveja de trigo não maltado com especiarias, engarrada, carbonatada e pronta para ser bebida.
Witbier – cerveja de trigo não maltado com especiarias, engarrafada, carbonatada e pronta para ser degustada.

Uma das etapas que mais curto durante a produção de uma cerveja artesanal é o momento em que ela sai do maturador para ser engarrafada ou embarrilada em um postmix, abrir o maturador e sentir o aroma da cerveja é algo sensacional, no caso dessa Witbier fiquei feliz em perceber que as alterações na receita deram resultado, os aromas de coentro e laranja estão mais presentes que na primeira versão da nossa cerveja de trigo belga. Após afagar o olfato sempre retiro uma pequena amostra para verificar o quanto a cerveja atenuou, qual o seu teor alcoólico e ter uma prévia de seu sabor, mesmo sem a carbonatação ideal já é possível ter uma boa ideia de qual será o resultado final. Depois é só seguir com o planejado e preparar tudo para o envase e a carbonatação, que nesse caso aconteceu dentro das garrafas.

Para envasar minhas criações sempre reutilizo garrafas das cervejas que consumo ou que os amigos consomem e me doam (para que eu as devolva cheias depois). Os mais atentos devem ter notado que na imagem acima a garrafa reutilizada é a de uma Hoegaarden, talvez uma das Witbiers mais populares e acessíveis por aqui, ela é trazida da Bélgica pela Ambev e pode ser encontrada com certa facilidade em nossas gondolas. Apesar de gostar do design dessa garrafa ela está ai por mera coincidência, não premeditei isso enquanto engarrafava a cerveja ou enquanto meu irmão e eu fazíamos as fotos, mas já que ela ai está, achei que valia a pena mencionar.

Essa foi a segunda leva da nossa Witbier (“White beer” ou “bière blanche” se preferirem), feita em Novembro e engarrafada no final do mês seguinte utilizando garrafas limpas e devidamente sanitizadas, do contrário há o risco de contaminar a cerveja. Depois de me certificar que as garrafas foram lavadas e muito bem limpas é hora da sanitização, existem muitos métodos para fazer isso, como usar solução de iodo, álcool 70 ou solução de ácido paracético. Utilizei álcool 70 para sanitizar todas as garrafas e tampinhas e aguardei secar, nesse tempo usei a solução de ácido paracético para sanitizar o restante dos equipamentos e o recipiente utilizado para separar a cerveja da levedura (fermento) e demais partículas sólidas contidas no fermentador / maturador. Após transferir a cerveja para o novo recipiente, calculei a quantidade de açúcar fermentável a ser utilizado na solução que seria o alimento da levedura dentro das garrafas, essa cerveja não exige altos níveis de carbonatação como a Monstro do lago Weiss por exemplo, por isso utilizei pouco menos de 6g por litro.

O fermento consume o açúcar misturado a cerveja para gerar álcool e gás carbônico e com as garrafas completamente lacradas pelas tampinhas o CO2 não sai e permanece na cerveja, dessa forma é feita a carbonatação na garrafa. Esse tipo de carbonatação é um processo que demanda tempo, em alguns casos pode demorar semanas, geralmente eu aguardo cerca de dez dias e abro a primeira garrafa para fazer um teste, dependendo do resultado espero mais ou menos tempo até abrir a próxima e assim sigo até encontrar o ponto ideal e começar a compartilhar com os amigos.

Após tampar a última garrafa tem início uma das etapas mais difíceis de se fazer cerveja em casa, eu nada mais posso fazer a não ser aguardar a levedura trabalhar, então sempre tento voltar minha atenção para novas receitas e outras cervejas enquanto tento me convencer que esqueci a cerveja recém engarrafada e já controlei minha ansiedade em provar a minha última criação.

Um abraço,
Cerveja Monstro

Degustando a Dry Stout Monstro

Essa é a cerveja Dry Stout feita pela Cerveja Monstro
Dry Stout feita pela Cerveja Monstro

Está é a Dry Stout Monstro, a cerveja artesanal que tem um delicioso aroma que remete a cevada torrada / café, foi inspirada na cerveja irlandesa Guinness e é o resultado da minha primeira aventura no universo das Stouts. Feita no inicio de Novembro e engarrafada no final do mesmo mês, essa Irish Stout (as Dry Stouts também são conhecidas assim) foi um belo começo neste estilo de cerveja, apesar de já ter algumas pequenas alterações em mente a maior parte dessa receita permanecerá como a base para as próximas versões.

O ponto forte dessa cerveja é a agradável presença da cevada torrada / café no aroma, no sabor o lúpulo é discreto, o amargor é sutil e poderia ganhar um destaque um pouco maior, essa versão tem apenas 34 IBU’s, então nas próximas devo aumentar a carga de lúpulo no início da fervura.
O teor alcoólico é de 4,3%, a cerveja tem uma ótima aparência, o precioso liquido é preto enquanto a espuma é bege, e por falar em espuma quero aprimorar a retenção dela, por algum motivo ainda incerto para mim a espuma permanece menos tempo do que deveria.
Mesmo considerando essa cerveja uma das melhores que já fiz, acredito que ela ficará ainda melhor se ficar um pouco mais encorpada e a carbonatação ligeiramente mais baixa, não acho que isso prejudique a experiência atual, mas esses pontos podem ser aprimorados nas próximas levas para chegar mais próximo da Dry Stout ideal (se é que ela existe).

Só me restaram algumas garrafas, acho que já é hora de fazer mais. 🙂

Um abraço,
Cerveja Monstro

Nova India Pale Ale (IPA)

Cerveja Artesanal India Pale Ale feita pela Cerveja Monstro
Cerveja Artesanal India Pale Ale feita pela Cerveja Monstro

A nova versão da nossa cerveja inglesa India Pale Ale finalmente está carbonatada e prontinha para ser degustada, alguém quer provar? A presença do lúpulo é marcante no sabor e levemente percebida no aroma, o corpo médio e a presença do malte ajudam no equilíbrio dessa cerveja artesanal que tem teor alcoólico de 6,1% e aproximadamente 59 IBUs. Essa é a quarta leva desse estilo feita por aqui, nessa ultima versão a receita foi completamente alterada, já que agora me sinto mais confiante para elaborar minha própria receita, as primeiras levas foram feitas algum tempo atrás e na época eu estava mais preocupado em chegar ao final do processo de fabricação com sucesso do que em criar algo novo, por isso usei a primeira receita que encontrei na internet.

Depois de alguma pesquisa, cheguei a essa receita, a nova India Pale Ale da Cerveja Monstro:
5kg de malte Pale Ale
0,8kg de trigo maltado
0,4kg de malte Munich
0,4kg de malte Crystal 60L
25g de lúpulo Hallertau Herkules (first wort)
20g de lúpulo East Kent Goldings (20mins)
1 tablete de whirlfloc (15mins)
20g de lúpulo East Kent Goldings (1min)
Levedura Lallemand Nottingham Yeast
30g de lúpulo East Kent Goldings (Dry hop – 5 dias)

As rampas de mosturação foram:
20 mins a 50C
50 mins a 64C
10 mins a 76C

Logo após o término da primeira etapa da filtragem, antes de lavar os grãos, foi feita a primeira adição de lúpulo (first wort) as outras adições foram feitas durante a fervura, respeitando os tempos indicados na receita. O Dry hop foi feito após o término da fermentação, os 30g de lúpulo East Kent Goldings foram colocados em uma hop bag (algo semelhante ao um saquinho de chá) e em seguida adicionados ao maturador para permanecer em contato com a cerveja durante 5 dias. A cerveja foi engarrafada no dia 14 de Janeiro utilizando solução de açúcar para o priming, a nova fermentação / maturação realizada na garrafa demorou mais de 4 semanas para atingir o nível desejado.

A receita acima foi elaborada para uma leva de 20 litros, sendo que a eficiência do processo foi baixa, a OG obtida foi de 1.063SG e a FG 1.017SG. Eu gostaria que a atenuação tivesse sido um pouco maior, não sei se foi uma característica da levedura ou se utilizei menos do que deveria, o fato é que a previsão da FG era de 1.011SG, um pouco abaixo do que obtive. Acredito que essa diferença tem impacto em alguns pontos no resultado final, além do teor alcoólico mais alto, o retrogosto seria mais seco do que é. Um outro ponto foi o resultado do dry hop, eu esperava algo mais marcante, o aroma obtido foi sutil, não sei sei por algo durante o processo ou quantidade insuficiente de lúpulo. Esses são pontos que quero alterar nas próximas versões e mesmo com esses pontos a aprimorar para a próxima leva, essa IPA é uma ótima cerveja artesanal. Adoraria ouvir outras opiniões, alguém disponível?

Acho que essa busca constante por aprimoramento é uma das partes mais legais de se fazer cerveja em casa, então agora é apreciar essa IPA com toda atenção que ela merece e já ir pensando em como concretizar as alterações para as próximas brassagens. Cheers!

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Degustando a Pé Grande, nossa American Wheat

Depois de longas semanas esperando para provar a nova versão da Pé Grande, finalmente chegou a hora da degustação. Essa cerveja artesanal, estilo American Wheat, tem uma carga de lúpulo cerca de duas vezes maior que nossas outras cervejas de trigo ( Monstro do lago Weiss e a ainda sem nome Witbier ), por isso demonstra mais força no aspecto amargor (aprox. 27 IBUs), seu teor alcoólico é de 4,7%, é leve, refrescante e extremamente agradável como se espera desse tipo de cerveja.

Cerveja artesanal Pé Grande - Uma American Wheat feita pela Cerveja Monstro.
Cerveja artesanal Pé Grande – Uma American Wheat feita pela Cerveja Monstro.

Uma ótima pedida para os dias quentes, não acham?

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Monstro do lago Weiss para festa

No ano passado, enquanto eu e meu irmão degustávamos algumas das criações da Cerveja Monstro, surgiu a ideia de levarmos um barril (postmix) de cerveja artesanal para o próximo “evento” da família, dessa forma poderíamos espalhar a “sementinha” da boa cerveja caseira em mais pessoas com apenas uma tacada. Depois de discutirmos o assunto, decidimos que a Monstro do lago Weiss seria a melhor escolha para participar da festa de dois anos do meu sobrinho porque é uma cerveja leve, refrescante, com colarinho cremoso e seu sabor / aroma frutado certamente ofereceria uma experiência diferente e agradável para os presentes, que em sua maioria não conheciam cerveja artesanal.

Cerveja artesanal de trigo - Monstro do lago Weiss
Cerveja artesanal de trigo – Monstro do lago Weiss

A cerveja de trigo degustada na ocasião foi feita no dia 20 de Janeiro e embarrilada no último dia 10, a receita é a mesma já conhecida exceto pela levedura, desta vez a utilizada foi a Danstar Munich Wheat Yeast, que na minha opinião foi muito bem, atenuou conforme o esperado, resultando em uma cerveja com graduação alcoólica de 4,7%, bem próximo do que estava programado, e gerou alguns dos sabores e aromas característicos desse estilo alemão de cerveja.
A carbonatação foi feita injetando CO2 dentro do barril com a cerveja, esse processo demandou algumas horas e muitas sacudidas no postmix. Por se tratar de uma Weiss, estilo com baixo amargor, foi utilizado pouco lúpulo na receita, essa leva teve aproximadamente 12 IBUs (escala utilizada para mensurar o amargor da cerveja, em casos extremos algumas cervejas podem ultrapassar 100 IBUs), para uma comparação simples e direta entre cervejas de trigo a Pé Grande, nossa American Wheat, tem aproximadamente 27 IBUs. Acho que esse fator (baixo amargor) ajudou na boa receptividade da cerveja, não causou estranheza dos que provaram cerveja artesanal pela primeira vez, como talvez aconteceria se tivessem provado uma IPA, a Monstro do lago Weiss foi aprovada por todos os que a degustaram, o que me garantiu uma ótima sensação de “missão cumprida”.

Infelizmente todo o conteúdo do postmix acabou, mas me lembrei de tirar uma foto para colocar aqui antes do derradeiro último copo ser servido. Andei cogitando uma pausa nas cervejas de trigo porque os prometidos dias de verão pareciam ter esquecido de vir para essas bandas, curiosamente me parece que eles decidiram aparecer agora (junto com a chuva), então, antes de voltar minhas atenções para outros estilos de cervejas, possivelmente eu volte a produzir a Monstro do lago Weiss em breve. Fiquem atentos, a produção é limitada! 😉

Um abraço,
Cerveja Monstro

Witbier – Cerveja de trigo belga

A Cerveja Monstro produziu duas levas do elegante estilo belga Witbier e um dos pontos que mais me chamou atenção nessas experiências é o quão bem essa cerveja artesanal é recebida pelo público feminino, mesmo entre pessoas que alegavam não gostar de cerveja ou afirmavam tomar apenas “malzibier”, no geral a resposta tem sido uma expressão de surpresa seguida de alguma variação de “nossa, gostei!”. Tradicionalmente feita com malte de cevada, trigo não maltado e algumas especiarias essa cerveja é leve, refrescante, possui agradável aroma frutado cítrico, perfume de coentro, sabor ligeiramente doce com uma sútil acidez e colarinho denso e cremoso. A Witbier é uma cerveja de alta fermentação e também é conhecida como “white beer” e “bière blanche” pela sua turbidez e aparência branca, essas características tem origem na suspensão de levedura e nas proteínas do trigo contidos na cerveja e podem ser facilmente notados ao olhar para o copo.

Esse estilo tem mais de de 400 anos, provavelmente derivado da tradição dos monastérios belgas,  tornou-se bastante popular nos séculos XVIII e XIX nas cidades a leste de Bruxelas, em especial nas cidades de Louvain e Hoegaarden onde eram produzidos os exemplares mais conhecidos. Com a popularização das cervejas Lagers a Witbier perdeu espaço e no ano de 1957 literalmente desapareceu depois que a última cervejaria belga faliu. Dez anos depois um grande homem chamado Pierre Celis levantou dinheiro com os familiares para abrir uma cervejaria a fabricar a tradicional Witbier, ele a batizou com o nome Hoegaarden e anos depois a cerveja tornou-se mundialmente conhecida.

Grãos de trigo não maltado utilizados na receita da cerveja de trigo belga Witbier
Grãos de trigo não maltado utilizados na receita da cerveja de trigo belga Witbier

A “Witbier Monstro” mantém a mesma base desde que nasceu, a única diferença é que a segunda versão foi aprimorada com uma quantidade maior das especiarias (coentro e raspas de laranja) e o resultado foi ótimo, em especial no aroma, por isso as alterações foram mantidas na receita da terceira leva de cerveja artesanal que está maturando agora.

Receita para uma Witbier Monstro (20 litros)

2,5kg Malte Pilsner
2,5kg Trigo não maltado
0,2kg Aveia em flocos
7g de lúpulo Halllertau Herkules (first wort)
7g de lúpulo Perle (20 mins)
25g de sementes de coentro moídas
35g de raspas de laranja
Levedura Fermentis Safbrew T58

As rampas de mosturação foram:
30 mins a 50C
50 mins a 63C
10 mins a 76C

A primeira adição de lúpulo foi feita logo após a primeira etapa da filtragem, e as especiarias foram adicionadas durante os 5 minutos finais de fervura utilizando uma hopbag (algo bem parecido com aqueles saquinhos de chá) A OG estimada é de 1049 e a temperatura de fermentação 19C. Notaram que há pouco lúpulo nessa receita? o lúpulo é discreto nesse estilo, tanto no aroma quanto no amargor, o destaque fica por conta das especiarias e talvez esse seja um dos motivos dessa cerveja ser tão bem recebida pelas mulheres.

Que fique claro que em hipótese alguma a Cerveja Monstro considera que Witbier é “cerveja de mulher”, pelo contrário, diversos amigos provaram e adoraram, esse recorte foi dado apenas porque tradicionalmente em nosso país (tão maltratado pelas grandes industrias cervejeiras) a maior parte do mercado de cerveja é composta por homens e é bem legal ver que isso está mudando, um bom exemplo disso é a mãe desse que vos escreve, ela que “nunca bebeu cerveja apenas Malzibier” hoje não hesita em dizer que a witbier é uma de suas prediletas. Alguém ai quer provar?

Um abraço,
Cerveja Monstro.