Provando a nova Ordinary bitter – vídeo

Já havíamos comentado que voltaríamos a produzir a nossa cerveja artesanal do estilo ordinary bitter, uma cerveja leve, amarga, fácil de beber e com alguma personalidade. Dessa vez decidimos tentar aprimorar os pontos que apontamos quando provamos nossa primeira leva dessa ótima ale inglesa. O primeiro era a maior presença do malte (caramelado) e o segundo a carbonatação, por isso a receita original foi alterada, mudamos ingredientes e processos para tentar obter uma cerveja artesanal ainda melhor.
Observação: Como essa é a primeira vez que publicamos um vídeo ao invés de foto para mostrar o resultado de nossa cerveja, vamos inverter a ordem das coisas, esse post abordará os resultados e a receita com as alterações no processo virá num próximo, ok?

Mandamos para o fermentador o mosto com gravidade inicial de 1.039SG, ligeiramente acima do previsto (1.037SG),  que foi convertido pela levedura em uma cerveja com gravidade final de 1.014SG, também acima do previsto (1.011SG), resultando em uma graduação alcoólica de 3,3%.
A cerveja não tem um final seco como deveria, acreditamos que isso se deve ao fato de não ter atenuado como o esperado. As alterações na receita deram resultado e dessa vez é possível notar a discreta presença do malte tanto no aroma quanto no sabor. Não observei a presença de lúpulo no aroma, mas os 31 IBUs se fazem presentes no sabor de forma agradável, essa é uma cerveja amarga.
As alterações na receita também impactaram na cor, se vocês compararem as imagens da primeira versão com o vídeo é possível notar que essa leva ficou um pouco mais escura, tendendo mais para o cobre do que para o amarelo.
Aprimorar a carbonatação foi mais simples, porque dessa vez embarrilamos a cerveja no postmix e mantivemos a carbonatação baixa para ficar mais próximos das verdadeiras ales britânicas.

Nossas alterações surtiram o efeito esperado e essa versão da Ordinary Bitter está ainda melhor que a anterior, talvez se a característica maltosa da cerveja fosse menos tímida ela estaria ainda melhor, portanto, na próxima leva esse será o ponto que tentaremos aprimorar, além é claro de tentar trazermos a atenuação ao seu nível normal.

Se você está buscando uma cerveja leve, amarga e fácil de beber essa Bitter é uma ótima pedida. Logo postamos a nova versão da receita.

um abraço,
Cerveja Monstro.

Cerveja single malt e single hop – German Pilsner

Malte de cevada e lúpulo
Malte de cevada e lúpulo

Cerveja single malt, cerveja single hop, soam diferente, não? talvez até sofisticadas, mas na verdade é exatamente o contrário, essa é uma abordagem relativamente simples de preparar cerveja artesanal, ao invés de ficar pirando em quais maltes usar ou quais lúpulos incluir ao elaborar a receita, você se limita a utilizar apenas um tipo de cevada maltada (single malt) ou um tipo de lúpulo (single hop) em prol da simplicidade e de poder enfatizar as características dos ingredientes escolhidos.

A Cerveja Monstro não produz muitas lagers, honestamente falando essa é a terceira leva, esse tipo de cerveja demanda muito tempo e trabalho, nossa primeira lager foi uma ótima Bohemian Pilsner  e depois uma inesquecível Oktoberfest. Como ainda estamos devendo na área das cervejas de baixa fermentação (lagers) decidimos ampliar nosso repertório e tentar uma German Pilsner utilizando apenas o malte Pilsner e o nobre lúpulo alemão Tettnang, também utilizado em diversos outros estilos de cerveja como Oktoberfest, cervejas de trigo e outras ales.

Elaborar a receita (40 litros) nunca foi tão simples, estipulei a gravidade inicial que gostaria de atingir, German Pilsners variam entre 1.044SG a 1.050SG, por isso defini como target 1.049SG e para isso utilizei 10kg de cevada (malte Pilsner). Como adoramos cervejas bem lúpuladas, nossa meta foi atingir o IBU máximo para esse estilo de cerveja, que é 45 IBUs, utilizando 170 gramas de lúpulo. Depois foi só definir a levedura, a Fermentis SafLager West European Lager #S23 foi escolhida por ser a de mais fácil acesso.

Receita de cerveja artesanal German Pilsner, single malt, single hop :

100% de malte Pilsner
35,6 IBUs de lúpulo Tettnang (90mins)
7,7 IBUs de lúpulo Tettnang (30mins)
1 tablete de whirlfloc (15mins)
1,7IBUs de lúpulo Tettnang (3mins)
3 pacotes de levedura Fermentis SafLager West European Lager #S23

Com tudo pronto chegou a hora de ir pro fogão e testar o novo setup, passamos a utilizar um brewstand, trocamos o fundo falso pelo manifold para filtragem e também inauguramos três queimadores fixos que substituíram nosso bom, velho e pequeno fogão de alta pressão. Enquanto tentávamos nos adaptar ao novo equipamento, começamos a brassagem com a mosturação dos grãos já moídos, a primeira rampa foi feita a 67C e durou 80 mins, depois fizemos o mash-out a 76C por 10 mins antes de partir para a filtragem e clarificação. 

Após a filtragem e clarificação ter sido concluída iniciamos a fervura e logo adicionamos a maior carga de lúpulo (35,6 IBUs) responsável por boa parte do amargor da cerveja, que ferveu junto com o mosto todos os 90 mins. Depois adicionamos as outras cargas de lúpulo, uma a 30mins e a outra a 3mins do final, além do whirlfloc, sempre adicionado 15 mins antes do fogo ser apagado. No final do dia tivemos uma eficiência muito maior do que o planejado e acabamos com uma gravidade inicial de 1.063SG ante os 1.049SG esperados. Resfriamos o mosto, agitamos bem para oxigena-lo e adicionamos a levedura previamente hidratada.

Desse momento em diante foi aguardar a fermentação terminar para carbonatar a cerveja e enfim conhecer os resultados. Voltamos em breve para falar como terminou essa experiência.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Nem só de alegrias vive o cervejeiro caseiro – Witbier desandou

Cerveja artesanal que desandou.
Cerveja artesanal que desandou.

Sim, infelizmente é verdade, nem só de alegrias vive um cervejeiro caseiro. O grande barato de fazer cerveja em casa é poder experimentar coisas novas, fazer gambiarras improvisar equipamentos e processos, criar receitas ou usar ingredientes pouco usuais. Bom, tudo isso tem um risco e a menos que você seja algum tipo de suicida ou estagiário de terrorista da área bioquímica, esse risco se resume a possibilidade de sua preciosa cerveja artesanal dar errado, infelizmente isso aconteceu comigo.

Como dizem alguns: “cedo ou tarde você vai perder uma leva”,  vocês se recordam da minha experiência “belgo-tailandesa”? uma Witibier com folhas de limão kaffir ? Então, ela foi a minha primeira cerveja a desandar, provavelmente por contaminação durante o processo de produção. Agora o que me resta a fazer é olhar para o passado e rever todos os pontos na tentativa de identificar a origem do que deu errado e evitar que volte a acontecer no futuro.
Como eu sempre provo as amostras que retiro durante o processo eu já havia notado algo irregular ao término da fermentação e mesmo assim decidi levar tudo para o postmix (barril) e carbonatar a cerveja. Quando finalmente a provei, não tive dúvidas de que ela havia desandado, a cerveja estava aguada,  estranha, não tinha corpo de cerveja, a textura era bem diferente das cervejas de trigo que eu já havia produzido e a espuma foi claramente prejudicada.
Revisitando mentalmente todo o caminho até chegar naquele ponto, consegui isolar as mais prováveis causas do problema:
1 – novo fermentador – essa foi a minha primeira leva utilizando um novo fermentador, isso significa que o fermentador poderia estar contaminado ou que eu posso ter falhado em sua sanitização.
2 – adaptação ao novo equipamento –  me recordo que por algum motivo eu tive que movimentar o fermentador durante o inicio da fermentação e quando fiz isso, o blow off tube ( a mangueirinha ligada a um recipiente com água, responsável por permitir que o CO2 gerado pela fermentação saia do fermentador e que o ar no ambiente não entre no mesmo ) acabou sugando parte da água que estava no recipiente, eu não havia tomado nenhum cuidado nem com a água nem com o recipiente.
3 – erro durante a elaboração da receita – minha primeira experiência de usar um ingrediente tailandês (folha de limão kaffir) numa receita de cerveja de trigo belga pode ter sido a fonte do problema, uma vez que essa era a única alteração numa receita produzida diversas vezes sempre com sucesso. Porém, me recordo que venho utilizando folhas de limão kaffir para preparar pratos tailandeses sem nenhum problema, por isso considero muito pequena a probabilidade desse ter sido essa a fonte da contaminação.

cerveja artesanal contaminada.
cerveja artesanal que não deu certo.

Pensando sobre o que aconteceu, eu apostaria minhas fichas que o ponto de contaminação é o item numero 2, em especial por não ter feito uma mudança drástica no processo de sanitização do fermentador e ter obtido ótimas cervejas com ele após esse episódio (isso reduz a probabilidade do item 1). Além disso, acho pouco provável as folhas de limão kaffir adicionadas na fervura (quase 100C) poderem ter contaminado a leva (o que reduz a probabilidade do item 3). É claro que além das probabilidades que listei podem existir muitas outras, mas tendo a crer que dentre todas as possibilidades, essas são as de maior peso.

Bom, o que exatamente aconteceu eu nunca vou saber, o fato é que com a exceção de alguns copos servidos como teste e outros para uma amigo “realmente inclinado a descobrir o que aconteceu”, o barril de cerveja foi praticamente inteiro para ralo, e acreditem, isso “dói”.

Mas nem tudo é noticia ruim, mesmo com a leva perdida consegui coletar alguns insights valiosos em relação ao meu experimento “belgo-tailandês”. O principal é que a quantidade de folhas de limão Kaffir que utilizei foi insana, enquanto provava a cerveja contaminada, além de aguada ela me lembrava um chá muito forte de qualquer coisa (eu nunca tomei chá da folha do limão kaffir) isso sem mencionar a cor, que estava distante do padrão Wit da Cerveja Monstro. Resumindo, é preciso reduzir drasticamente a quantidade das folhas de limão kaffir na receita, do contrário o resultado será um chá alcoólico, gaseificado, calórico e ultra forte.

Bom, é isso! as coisas podem dar errado mas a vida segue, mesmo porquê existem inúmeras deliciosas cervejas que ainda não produzi e isso é o mais importante, então “rumbora” corrigir os erros e seguir em busca da cerveja perfeita!

um abraço,
Cerveja Monstro.

Nova brassagem da nossa pumpkin ale Pesadelo

Abóboras utilizadas na elaboração da pumpkin ale Pesadelo.
Abóboras utilizadas na elaboração da pumpkin ale Pesadelo.

Sim, finalmente tomei coragem e decidi encarar novamente o doloroso processo de fabricação dessa deliciosa cerveja artesanal. Para os que ainda não sabem, nossa pumpking ale ganhou o nome Pesadelo por ter sido (de longe) a cerveja que mais deu trabalho para ser criada, naquele dia o sistema de filtragem entupiu, fiquei com cara de “paisagem” durante horas tentando, sem sucesso, encontrar uma solução para o problema e puto exausto decidi que era melhor concentrar minhas energias em chegar ao final do processo com algo “bebível” e desencanar da boa cerveja.

A caótica brassagem levou muito mais tempo que o normal, é fato, mas contrariando as expectativas o resultado surpreendeu, a maior parte dos amigos que provaram, adoraram. Para muitos ela é uma das melhores cervejas já produzidas por aqui, por isso vou repetir a receita e manter a pimenta da jamaica, a canela e a noz moscada, além de seguir os mesmos processos da leva anterior. Atualmente utilizo outro sistema de filtração e minhas esperanças é que ele seja mais eficaz que o antigo, para que eu não tenha o mesmo desgaste da primeira brassagem e não demore mais de um ano para repetir a receita.

É isso, se tudo der certo em breve teremos cerveja com uma toque de “doce de abóbora”, os manterei informados.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Arretado! cerveja belga dubbel com rapadura

Depois de um bom tempo fazendo cerveja artesanal e ouvindo dos amigos “poxa, sua cerveja precisa de um rótulo”, decidi concentrar as energias em dar uma “cara” para minha cerveja. Após um longo processo a cerveja monstro ganha seu primeiro rótulo, um goblin arretado a procura da Maria Bonita é quem ilustra a Arretado!, nossa versão porreta do estilo de cerveja belga Dubbel.

Cerveja artesanal dubbel com rapadura.
Cerveja artesanal dubbel com rapadura.

Desde a discussão dos primeiros insights até a produção das fotos recebi a valorosa contribuição de uma porção de amigos, não vou citar nomes aqui para nenhuma multinacional da cerveja os contratar e acabar com a minha ótima equipe 😛 
Muito obrigado a todos que ajudaram, em especial a minha querida avó, que me presenteou com verdadeira rapadura baiana utilizada na receita dessa cerveja caseira.

E ai? gostaram?

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Dubbel arretada – receita de cerveja trapista com rapadura

Rapadura utilizada da receita da cerveja Dubbel
Rapadura utilizada na receita da cerveja Dubbel

Finalmente de volta! tem uma porção de coisas novas para contar, mas vou tentar fazer isso por partes, para começar quero falar das novas cervejas, nossa primeira Belgian Strong Ale, uma Dubbel com rapadura é uma delas e foi mais ou menos assim que ela nasceu: depois de algum tempo sendo completamente displicente com a escola belga de cerveja (só tinha feito witbier), decidi me redimir e tentar algo novo, “por quê não fazer uma Dubbel?” uma ale pouco amarga, encorpada, complexa e com cerca de 7% de álcool, gostei da ideia e lendo sobre o estilo descobri que as versões tradicionais dessa cerveja utilizam açúcar caramelizado e outros açucares não refinados na receita e foi nesse momento que pensei “pera, por quê não colocar rapadura nisso?”, então, aproveitei a viagem da minha avó para o nordeste e pouco tempo depois estava a rapadura em mãos, pronto para moer os grãos e ir para as panelas.

A Dubbel faz parte de um estilo de cerveja desenvolvido pelo monges trapistas na idade média e resgatado após a era napoleônica, em meados do século XIX. Além da Dubbel, Enkel e Tripel são os sub estilos do que conhecemos hoje por Ale forte Belga (Belgian Strong Ale). No final do século XX a popularidade das cervejas trapistas era grande e diversas cervejarias pelo mundo começaram a usar o termo “trapista” em seus produtos, o que culminou na formação da Associação Trapista Internacional pelas Abadias Trapistas com o objetivo de proibir o uso indiscriminado do termo “trapista” por cervejarias comerciais. Atualmente apenas oito monastérios tem o direito de usar o termo, sendo seis deles na Bélgica, um na Holanda e um na Áustria, esses monastérios devem produzir suas cervejas dentro de suas propriedades sob a supervisão dos monges cervejeiros e reverter os ganhos para caridade ao invés do lucro financeiro.

Impossível pensar na receita sem olhar para onde se quer chegar, por isso foi importante conhecer as características de uma Dubbel. É uma ale encorpada com colarinho persistente, possui graduação alcoólica entre 6,5 e 8%, sua cor varia do âmbar escuro ao cobre, é maltada, de baixo amargor e com esteres frutados. Na minha receita utilizei o malte pale ale como base e adicionei os maltes Aroma e Melanoidina para obter a característica maltada, o malte special B para contribuir com os esteres frutados. Também usei aveia para ajudar na formação e retenção de espuma e a rapadura, para mais esteres frutados e para elevar a quantidade de açúcar fermentável e consequentemente a graduação alcoólica.
O lúpulo deve ser discreto, por isso utilizei o Hallertauer Herkules para amargor e o Styrian Goldings no meio da fervura, a fermentação ficou a cargo da levedura WLP570 da White Labs, que lida muito bem com cervejas com alta graduação alcoólica além de contribuir para um perfil frutado.

Rapadura sendo derretida antes de ser adicionada a cerveja.
Rapadura sendo derretida antes de ser adicionada a cerveja.

Essa é a receita para a cerveja “Arretado!”, nossa Dubbel com rapadura:
60,1% malte Pale Ale
8,6% malte Aroma
8,6% malte Melanoidina
8,6% malte Special B
5,6% Aveia em flocos
8,6% rapadura
Hallertau Herkules (10,6 IBUs) – 60 mins
Styrian Goldings (6,4IBUs) – 30mins
1 tablet de whirlfloc – 15mins
levedura White Labs WLP570 Belgian Golden Ale

A sacarificação foi feita a 67C e a fervura feita por uma hora, os lúpulos e o whirlfoc foram adicionados em seus respectivos tempos. A gravidade inicial estimada é de 1.066SG e a final é 1.011SG (o que totalizaria 7,4% de álcool. A fermentação deve ser feita entre 20C e 24C para depois ser engarrafada para a carbonatação.

Estou ansioso para conhecer o resultado, alguns dias atrás fui checar como estava a fermentação e a gravidade estava em 1.020SG com um delicioso aroma saindo do fermentador, agora é aguardar o termino da fermentação, engarrafar e finalmente provar.

um abraço,
Cerveja Monstro.

Provando a Ordinary Bitter

Ordinary Bitter - Monstro Cerveja Artesanal
Ordinary Bitter – Monstro Cerveja Artesanal

Hora de provar e conhecer o resultado de mais uma cerveja artesanal inspirada na tradicional escola inglesa. A ideia de produzir uma Ordinary Bitter surgiu da vontade de descomplicar um pouco as coisas, o processo de produção segue trabalhoso mas elaborar a receita foi relativamente mais simples. Conforme comentei no post anterior, a Ordinary Bitter é conhecida por ser uma ale leve com um frutado suave, sua cor pode variar entre o amarelo claro e o cobre e seus melhores exemplos apresentam aroma de malte caramelado.

A fermentação começou com uma gravidade incial de OG 1.040 SG e terminou em 1.009 SG o que resultou no teor alcoólico de 4,1% (um pouco acima do limite do estilo que é 3,8%). A carbonatação foi feita adicionando açúcar fermentável a cerveja (priming) antes de engarrafa-la, utilizei cerca de 5,6g por litro.

Indiscutivelmente essa foi uma das minhas cervejas caseiras mais fáceis de beber, leve, ligeiramente frutada e amarga (aproximadamente 31 IBU’s) como se espera de uma bitter, há também a agradável presença do lúpulo no aroma. Gostei da cor que esta completamente dentro do esperado, gostei também da translucidez, não esta como uma lager que passa por um longo processo de clarificação, mas está bem honesta nesse sentido.

Curiosamente a minha ideia de manter a receita simples fez com que essa versão não apresentasse nenhuma nota de malte caramelado, o que era esperado já que não inclui nenhum malte especial com essa finalidade. Gosto de cervejas com essa característica e sem dúvida é algo que vou acrescentar na próxima versão.

Outra mudança para a próxima versão está relacionada ao nível de carbonatação, para uma bitter inglesa essa leva tinha muito gás (veja o tamanho do colarinho na imagem) bem diferente das irmãs britânicas que a inspiraram. Por isso, reduzirei o priming se carbonatar as próximas levas na garrafa ou injetarei pouco gás carbônico no postmix se decidir embarrilar, mas é certo que farei novas levas dessa Ordinary Bitter, ela prova que uma cerveja simples pode ser agradável e prazerosa.

Cheers!

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Degustando a Bohemian Pilsner

Bohemian Pilsner - Homebrew - Monstro Cerveja Artesanal
Bohemian Pilsner – Homebrew – Monstro Cerveja Artesanal

Finalmente é hora de avaliar o resultado da minha primeira cerveja artesanal do tipo lager, uma Bohemian Pilsner inspirada na famosa Pilsner Urquell da República Tcheca, conheça a receita aqui. A produção caseira dessa cerveja terminou cerca de 8 semanas depois da brassagem, quando a carbonatação atingiu o patamar adequado, e para “felicidade geral da nação” o resultado foi muito bom.

Ficou igual a uma Pilsner Urquell? mas é claro que não, presumo que exista um bom caminho para eu chegar até lá. A parte boa da história é que minha estréia com as lagers foi um sucesso, eu tinha uma baita receio dessa primeira tentativa resultar em uma cerveja com algum off flavor “intragável”, ou produzir algo completamente fora do estilo ou ainda pior, depois de tanto trabalho acabar com uma Brahma ou Skol da vida nas mãos, felizmente as coisas deram certo e nada disso aconteceu.

Partimos para a fermentação com uma OG inicial de 1.051 SG, as leveduras trabalharam (apesar de eu não ter visto nenhum sinal no airlock) e seis semanas depois trasfeguei a cerveja, com ajuda do auto-sifão, para um outro recipiente sanitizado antes de engarrafar. Esse tempo incluiu a maturação a baixa temperatura, necessária para ajudar no processo de clarificação da cerveja, item importante nesse estilo de cerveja. A gravidade final foi de 1.013 SG resultando em uma cerveja com 5% de álcool.

O lúpulo tcheco Saaz esta presente, tanto no amargor quanto no sabor e aroma, o amargor é nítido porém sutil, o aroma do lúpulo é delicioso, como nos grandes exemplos do estilo Bohemian Pilsen, não identifiquei nenhum frutado exatamente como pede o estilo. A cerveja é leve e refrescante, dourada com o colarinho agradável, branco e persistente. Porém, sobre esses últimos aspectos é preciso fazer algumas observações que estão relacionadas a quantidade de levedura encontrada dentro das garrafas e um possível processo de filtragem pouco eficiente.

Ter encontrado muito fermento dentro das garrafas me fez pensar que essa seria uma ótima leva para ser carbonatada artificialmente e servida através do postmix, isso evitaria que o fermento se misturasse a cerveja. Sempre que abria uma garrafa meu segundo copo era ligeiramente diferente do primeiro, tanto no sabor quanto na aparência, e isso era consequência direta do fermento dentro das garrafas e de um possível filtragem aquém do esperado.
Eu não sou o tipo de cervejeiro paranoico com a clarificação da cerveja, mas nesse caso acho que há espaço para melhorar, em especial porque isso impactou em outros aspectos como o sabor por exemplo, acho que para a próxima leva irei dedicar maior atenção ao processo de filtragem, um prazo maior para maturação a frio e sem dúvida optarei pela carbonatação forçada.

Outro ponto que tem me chamado atenção é a espuma, tenho notado que alguns meses após ser engarrafada grande parte das minhas cervejas artesanais apresenta diferenças no sabor e na espuma, algumas vezes ao abrir a garrafa a espuma começa a sair. Presumo que isso esteja ligado a carbonatação e minha única hipótese a respeito é que de alguma forma isso deve estar relacionado com o armazenamento das cervejas, já que não controlo a temperatura desse ambiente. Preciso estudar mais afundo o tema para tentar corrigir isso.

Voltando a Bohemian Pilsner, fiquei tão satisfeito com o resultado que irei manter a receita exatamente como ela está, farei alterações apenas no processo, possivelmente as que mencionei acima visando corrigir os problemas apresentados nessa leva.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Degustando a English Brown Ale

English Brown Ale - Monstro Cerveja Artesanal
English Brown Ale – Monstro Cerveja Artesanal

Essa cerveja artesanal do estilo inglês Northern Brown Ale tem um leve e agradável aroma de malte com notas de caramelo e a sutil presença do lúpulo. No paladar o caráter doce do malte é evidente enquanto notas de caramelo são mais nítidas que as de torrefação, o amargor é médio e funciona bem como o contraponto do lado doce dessa cerveja que tem teor alcoólico de 5,2%, corpo médio, colarinho bege e cor marrom.

A gravidade inicial ficou em 1.055SG e a final em 1.017SG, eu gostaria que ela tivesse atenuado um pouquinho mais, talvez teria ficado ainda melhor. Como é possível ver nas fotografias essa ale ficou um pouco um pouco turva, acredito que na próxima leva eu consiga melhorar esse aspecto maturando a baixas temperaturas antes de engarrafar.

Essa ale foi uma das minhas primeiras criações, apesar da receita não ser minha, foi eu mesmo que em Janeiro de 2012 fui moer os grãos de cevada, joguei-os na panela, acrescentei os demais ingredientes, inoculei a levedura e consegui obter essa boa cerveja. Para os que se perguntam: “por quanto tempo posso armazenar uma cerveja caseira? “, com base nessa minha ale eu poderia dizer pelo menos um ano, mas confesso que observei uma pequena queda em qualidade depois desse tempo, talvez seja a temperatura do local onde armazeno minhas garrafas ou a própria ação do tempo.

English Brown Ale - Monstro Cerveja Artesanal
English Brown Ale – Monstro Cerveja Artesanal

Gostei do resultado! Espero que a próxima brassagem dessa Brown Ale não demore.

Um abraço,
Cerveja Monstro.

Ordinary Bitter

Ordinary Bitter - Monstro Cerveja Artesanal
Ordinary Bitter – Monstro Cerveja Artesanal

Depois de ter feito com sucesso algumas cervejas artesanais mais complexas (IPA e Dry Stout por exemplo) pensei, “por que não tentar fazer algo mais simples e também agradável?”, foi então que decidi mudar as coisas e partir para um dos mais simples estilos de cerveja da Inglaterra, o Ordinary Bitter, também conhecido como Standard Bitter. Segundo a Larousse da Cerveja a Standard / Ordinary Bitter é uma cerveja leve com um frutado suave, sua cor varia entre o amarelo claro e o cobre e seus melhores exemplos apresentam aroma de malte caramelado.

Essa é a mais leve das três cervejas que compõem o estilo English Pale Ale, mais conhecido na Inglaterra por Bitter, os outros sub-estilos são Special/Best/Premium Bitter e Extra Special/Strong Bitter (English Pale Ale). Originalmente as bitters eram servidas direto do barril (madeira) a temperatura ambiente com pouca ou nenhuma pressão utilizando a gravidade ou pressão manual. Criadas como uma alternativa as populares Pale Ale feitas no interior do país, as Bitters tornaram-se bastante populares e se espalharam pela terra da rainha depois dos mestres cervejeiros aprenderem a manipular as características da água e a deixa-la como a água de Burton, cidade do leste de Staffordshire, famosa pela produção de cervejas com o lúpulo mais evidente devido ao alto índice de sulfatos na água local.

Eu ainda não manipulo as características da água que uso, mas gostaria de fazer isso em breve, preciso encontrar um tempo para estudar o tema. Bom, mesmo sem manipular a água como muitos mestres cervejeiros fazem, decidi criar minha receita para uma cerveja caseira do estilo Ordinary Bitter.

Receita para cerveja artesanal Bitter (20 litros):

3 Kg de malte Pilsner
1 Kg de malte Pale Ale
20 g de lúpulo Northern Brewer (first wort)
1 tablete de Whirlfoc (15 mins)
10 g de lúpulo Northern Brewer (3 mins)
Levedura Wyeast Labs #1318 London Ale III

A mosturação é feita a 65C até o final da conversão dos amidos em açucares e em seguida o mash-out em 76C por 10 minutos.

A gravidade inicial estimada é de 1.040SG e a fermentação feita a 19C. Logo volto com a análise do resultado.

Cheers!

Um abraço,
Cerveja Monstro.