Engarrafando e carbonatando a Witbier

Witbier - cerveja de trigo não maltado com especiarias, engarrada, carbonatada e pronta para ser bebida.
Witbier – cerveja de trigo não maltado com especiarias, engarrafada, carbonatada e pronta para ser degustada.

Uma das etapas que mais curto durante a produção de uma cerveja artesanal é o momento em que ela sai do maturador para ser engarrafada ou embarrilada em um postmix, abrir o maturador e sentir o aroma da cerveja é algo sensacional, no caso dessa Witbier fiquei feliz em perceber que as alterações na receita deram resultado, os aromas de coentro e laranja estão mais presentes que na primeira versão da nossa cerveja de trigo belga. Após afagar o olfato sempre retiro uma pequena amostra para verificar o quanto a cerveja atenuou, qual o seu teor alcoólico e ter uma prévia de seu sabor, mesmo sem a carbonatação ideal já é possível ter uma boa ideia de qual será o resultado final. Depois é só seguir com o planejado e preparar tudo para o envase e a carbonatação, que nesse caso aconteceu dentro das garrafas.

Para envasar minhas criações sempre reutilizo garrafas das cervejas que consumo ou que os amigos consomem e me doam (para que eu as devolva cheias depois). Os mais atentos devem ter notado que na imagem acima a garrafa reutilizada é a de uma Hoegaarden, talvez uma das Witbiers mais populares e acessíveis por aqui, ela é trazida da Bélgica pela Ambev e pode ser encontrada com certa facilidade em nossas gondolas. Apesar de gostar do design dessa garrafa ela está ai por mera coincidência, não premeditei isso enquanto engarrafava a cerveja ou enquanto meu irmão e eu fazíamos as fotos, mas já que ela ai está, achei que valia a pena mencionar.

Essa foi a segunda leva da nossa Witbier (“White beer” ou “bière blanche” se preferirem), feita em Novembro e engarrafada no final do mês seguinte utilizando garrafas limpas e devidamente sanitizadas, do contrário há o risco de contaminar a cerveja. Depois de me certificar que as garrafas foram lavadas e muito bem limpas é hora da sanitização, existem muitos métodos para fazer isso, como usar solução de iodo, álcool 70 ou solução de ácido paracético. Utilizei álcool 70 para sanitizar todas as garrafas e tampinhas e aguardei secar, nesse tempo usei a solução de ácido paracético para sanitizar o restante dos equipamentos e o recipiente utilizado para separar a cerveja da levedura (fermento) e demais partículas sólidas contidas no fermentador / maturador. Após transferir a cerveja para o novo recipiente, calculei a quantidade de açúcar fermentável a ser utilizado na solução que seria o alimento da levedura dentro das garrafas, essa cerveja não exige altos níveis de carbonatação como a Monstro do lago Weiss por exemplo, por isso utilizei pouco menos de 6g por litro.

O fermento consume o açúcar misturado a cerveja para gerar álcool e gás carbônico e com as garrafas completamente lacradas pelas tampinhas o CO2 não sai e permanece na cerveja, dessa forma é feita a carbonatação na garrafa. Esse tipo de carbonatação é um processo que demanda tempo, em alguns casos pode demorar semanas, geralmente eu aguardo cerca de dez dias e abro a primeira garrafa para fazer um teste, dependendo do resultado espero mais ou menos tempo até abrir a próxima e assim sigo até encontrar o ponto ideal e começar a compartilhar com os amigos.

Após tampar a última garrafa tem início uma das etapas mais difíceis de se fazer cerveja em casa, eu nada mais posso fazer a não ser aguardar a levedura trabalhar, então sempre tento voltar minha atenção para novas receitas e outras cervejas enquanto tento me convencer que esqueci a cerveja recém engarrafada e já controlei minha ansiedade em provar a minha última criação.

Um abraço,
Cerveja Monstro

Monstro do lago Weiss – embarrilamento

Ontem foi dia de embarrilar cerveja de trigo, a Monstro do lago Weiss! sabem o que isso significa? Significa que em breve terei uma ótima opção de cerveja artesanal para esses dias quentes de verão =) Apesar de repetir essa receita pela terceira vez, essa é a primeira em que utilizo o postmix (barril) para a carbonatação da cerveja e estou curioso para saber o impacto dessa escolha no resultado final.
Um dos benefícios de utilizar o postmix para carbonatar a cerveja é a praticidade, afinal isso demanda menos trabalho que a limpeza e sanitização de diversas garrafas de vidro, o processo é simples, consideravelmente mais rápido e foi mais ou menos assim:

Fermentador / maturador mantido a baixa temperatura
Fermentador / maturador mantido a baixa temperatura

O primeiro passo foi limpar e depois sanitizar o postmix, todos os seus componentes e demais itens a serem utilizados para servir a cerveja direto do barril (como chopp). Para sanitizar os equipamentos utilizo solução de ácido paracético.

Depois tirei o fermentador / maturador da geladeira e transferi a cerveja para o postmix devidamente limpo e religiosamente sanitizado (qualquer deslize aqui e lá se vai uma leva inteira de cerveja para o ralo).

Antes de engarrafar retirei uma pequena amostra para mensurar o quanto a levedura trabalhou e dessa forma obter a gravidade final da cerveja. Utilizei o refratômetro e a leitura indicou 5,8brix, como a fermentação gera álcool e isso distorce a informação é preciso corrigi-la. Após a correção a gravidade final da cerveja ficou em 1,007 e ao considerarmos a sua gravidade inicial de 1,049 temos uma cerveja com 5,5% de álcool.

Por último, conectei o postmix ao cilindro de CO2 para iniciar o processo de carbonatação forçada. Como as cervejas weizen ou weissbier tem um volume maior de gás dissolvido por litro de cerveja que a maior parte dos outros estilos, quase dobrei a pressão liberada pelo cilindro em comparação com o último embarrilamento (English Pale Ale). Em seguida sacudi algumas vezes o barril para ajudar a cerveja a absorver o gás mais depressa, mas me dei conta de que isso não seria necessário, já que não pretendia servir a cerveja naquele momento, então deixei o cilindro aberto, enviando constantemente CO2 para o barril até que a quantidade de gás absorvida pela cerveja seja a que configurei pelo manômetro.
Enquanto aguardo a cerveja absorver lentamente o CO2 até estar no ponto ideal para a degustação preciso encontrar algumas “cobaias” para experimentarem essa leva e me passarem as suas impressões. Alguém disponível?

Postmix (esq), manômetro e cilindro de CO2 para a carbonatação da cerveja.
Postmix (esq), manômetro e cilindro de CO2 para a carbonatação da cerveja.

Um abraço,
Cerveja Monstro.